Com 25 anos de carreira na área e passagens por diversos setores, executivo conta sobre a transformação cultural da rede de hospitais formada a partir de Dasa e Amil, com mais de 34 mil pessoas
A expressão do momento, aquela tendência que acabou de chegar ao mercado, uma notícia que tem chamado atenção, uma trend que viraliza nas redes ou até uma nova regulamentação. Se o tema está quente, é melhor não ficar para trás. Mas nem sempre conseguimos ir na esteira das novidades e entender tudo que tem acontecido no mundo do RH.
A roda gira, e às vezes bem rápido. Esta seção de Cajuína traz os assuntos mais frescos do universo de quem trabalha com gente.
Na pauta desta semana, vamos falar sobre rust-out (em tradução livre, “enferrujamento”) e explicar por que você, profissional de RH, precisa ficar sabendo desse assunto.
Exaustão, estresse crônico, ansiedade… esses são sintomas já conhecidos do burnout, transtorno que se tornou sinônimo de sobrecarga e esgotamento no ambiente corporativo. Mas, e quando o problema é o oposto? Quando o colaborador cumpre suas funções, mas sem entusiasmo, energia ou propósito — e muitas vezes nem percebe isso? Esses são sinais do rust-out, uma forma silenciosa de desgaste emocional que surge não pelo excesso, mas pela falta de estímulo no trabalho.
O rust-out descreve o estado de desmotivação que aparece quando o profissional se vê preso a rotinas monótonas, com baixa autonomia e pouca percepção de crescimento. Ainda pouco discutido em comparação ao burnout, o fenômeno vem ganhando espaço nas conversas sobre saúde mental corporativa por representar um risco real ao engajamento e à satisfação dos colaboradores.
A metáfora da ferrugem traduz bem esse processo: assim como o metal se deteriora quando permanece parado, o profissional “enferruja” quando deixa de ser desafiado. O desgaste acontece aos poucos — primeiro, na perda de propósito; depois, no comprometimento da performance e da motivação.
Durante anos, o foco das organizações esteve em evitar a sobrecarga e o estresse, mas o rust-out mostra que a estagnação também adoece. Ambientes que oferecem pouco estímulo, pouca autonomia e pouca conexão com o sentido do trabalho acabam corroendo a motivação de dentro para fora.
O fenômeno pode se manifestar em diferentes perfis: desde jovens em início de carreira, alocados em funções sem espaço para aprendizado, até profissionais experientes que dominam suas tarefas, mas se veem presos à rotina. Em comum, todos sentem o mesmo vazio silencioso — o de estar ocupados, mas não realizados.
Para o RH, reconhecer o rust-out exige ampliar o olhar além da carga de trabalho e considerar também o sentido que o colaborador vê no seu papel e o nível de estímulo e crescimento que o ambiente oferece. Primeiro, a gestão de talentos deve incorporar indicadores que vão além de “metas entregues” ou “ausências” — é preciso observar sinais como queda de participação, atraso em rotinas simples ou indiferença em reuniões, que podem indicar esse tipo de desgaste silencioso.
Segundo, no desenho de planos de desenvolvimento de pessoas e estrutura de cargos, cabe ao RH criar mecanismos que evitem que colaboradores caiam em zonas de tédio ou estagnação. Estratégias como job rotation, job crafting (ou seja, permitir que o próprio colaborador redesenhe parte de sua rotina para ganhar mais autonomia ou significado) são relevantes para prevenir o rust-out.
Terceiro, no diálogo com lideranças, o RH precisa sensibilizar gestores para a importância de verificar não só “se o resultado está sendo entregue”, mas “como o colaborador está se sentindo no fazer”. Perguntas simples como “Você vem feliz para o trabalho?” ou “Você volta feliz para casa?” tornam-se termômetros de saúde motivacional.n
Por fim, do ponto de vista cultural, vale reforçar no RH a criação de ambientes de segurança psicológica, onde colaboradores possam expressar que estão entediados ou “sem gás” sem sofrer estigma. Mesmo desempenho técnico adequado não significa motivação real ou envolvimento. Ignorar isso pode gerar perdas de engajamento, inovação e retenção.
Em resumo: o rust-out não é apenas um tema individual — ele reflete estruturas de trabalho, alocação de tarefas, cultura de desenvolvimento e modelo de liderança. Para o RH, compreender e agir sobre essa condição significa não só cuidar da saúde mental e emocional, mas garantir que o capital humano continue ativo, engajado e dentro de papéis que façam sentido tanto para a organização quanto para o indivíduo.
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