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O Custo Oculto do Turnover: como a rotatividade destrói lucros e compromete o futuro das empresas

Filipe Ducas explora como o turnover afeta diretamente os resultados financeiros das empresas e destaca a importância estratégica dos colaboradores e do engajamento para construir organizações sustentáveis e lucrativas

Convidado Comp
6 de novembro de 2024
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Por: Filipe Ducas*

Em um mercado cada vez mais competitivo, você já se perguntou quanto custa perder um talento valioso? A rotatividade de colaboradores vai muito além dos custos visíveis — é um dreno silencioso que suga não apenas recursos financeiros, mas também tempo, moral da equipe e até mesmo a satisfação dos clientes.

O turnover não é apenas uma métrica de RH; é um fator estratégico que pode impactar diretamente a sustentabilidade e a lucratividade da organização. Neste artigo, vamos explorar o custo real do turnover e discutir como uma abordagem mais estratégica da área de Gente pode ajudar a mitigar esses custos, transformando desafios em oportunidades de crescimento.

Os impactos financeiros do turnover

Quando um colaborador sai, as consequências financeiras são imediatas e profundas, mas muitas vezes subestimadas. Há custos diretos, como recrutamento e treinamento, e custos indiretos, como perda de produtividade e o impacto no engajamento da equipe.

Custos financeiros diretos:

  • Recrutamento e Seleção: Investimentos em plataformas de vagas, honorários de recrutadores, e o tempo gasto por gestores em entrevistas.
  • Integração e Treinamento: Onboarding e capacitação do novo colaborador, incluindo o tempo que outros colaboradores dedicam para treiná-lo.
  • Desligamento: Pagamento de verbas rescisórias e custos administrativos, que podem ser bastante elevados.

Custos financeiros indiretos:

  • Perda de produtividade: A curva de aprendizado de um novo colaborador afeta diretamente a eficiência operacional.
  • Impacto na Moral da Equipe: A saída de um colega pode comprometer a motivação e a dinâmica do time.
  • Perda de conhecimento: Know-how e experiências específicas podem ser perdidos, especialmente em posições técnicas, especializadas ou de liderança.
  • Satisfação do Cliente: A rotatividade afeta a consistência no atendimento, o que pode levar à insatisfação do cliente e comprometer a reputação da empresa.
  • Erros e Retrabalho: Novos colaboradores em fase de aprendizagem estão mais suscetíveis a erros, gerando custos adicionais com correções e retrabalho.

Quantificando o Custo do Turnover

Compreender o impacto financeiro do turnover é fundamental para justificar investimentos em estratégias de retenção e engajamento.

Estimativas gerais:

  • Cargos Operacionais ou de Nível Inicial: O custo de substituição costuma variar entre 50% a 75% do salário anual do colaborador que está saindo.
  • Posições Técnicas, Especializadas ou Cargos de Gerência: Os custos podem chegar a 100% a 150% do salário anual.
  • Cargos Executivos ou de Alta Liderança: O custo pode ultrapassar 200% do salário anual.

Esses percentuais refletem a complexidade das funções, o tempo necessário para treinamento e integração, além dos impactos estratégicos associados à saída de profissionais em posições-chave.

Fontes que corroboram esses números:

  • Center for American Progress (CAP):
    O estudo “There Are Significant Business Costs to Replacing Employees” revela que o custo médio para substituir um funcionário altamente qualificado pode chegar a 213% do salário anual. Isso engloba custos diretos e indiretos, como recrutamento, treinamento e perda de produtividade.
  • Society for Human Resource Management (SHRM):
    O SHRM estima que o custo de substituição de um funcionário pode variar entre 50% a 200% do salário anual, dependendo do nível do cargo e da especialização necessária.

Vamos tentar ilustrar em um caso prático. Imagine uma empresa que perde um Gerente de Projetos com salário mensal de R$ 10.000 (ou seja, R$ 120.000 anuais). Vamos calcular os custos associados ao turnover desse profissional:

  • Desligamento:
    • Verbas rescisórias e custos legais: R$ 20.000 (esse valor pode ser muito maior dependendo do tempo de empresa e também de multas rescisórias)
  • Recrutamento e Seleção:
    • Anúncios de vaga: R$ 1.500
    • Honorários de consultoria de recrutamento: R$ 15.000
    • Tempo gasto por RH e gestores em entrevistas: R$ 5.000
  • Integração e Treinamento:
    • Programas de onboarding e materiais: R$ 3.000
    • Tempo de treinamento (incluindo salário do novo colaborador e do treinador): R$ 7.000
  • Perda de Produtividade:
    • Estimando que o novo colaborador levará 6 meses para atingir plena produtividade, com uma perda de 50% nesse período: R$ 30.000
  • Impacto na Equipe:
    • Possível sobrecarga e desmotivação da equipe: R$ 5.000

Total dos custos associados ao Turnover: R$ 81.500

Nesse cenário, o custo total para substituir o Gerente de Projetos equivale a aproximadamente 68% do salário anual do colaborador que saiu. Este valor demonstra o impacto financeiro significativo que a perda de um único profissional pode representar para a empresa, tudo isso sem contar possíveis impactos de receita, que é muito comum para empresas do segmento de consultoria.

Além de custos associados ao turnover, muitas vezes não observamos a perda na performance financeira advinda do impacto que isso gera no engajamento. E como o alto engajamento pode impactar positivamente nos resultados de negócio.

Eu sigo repetindo que as pessoas são as alavancas mais importantes de qualquer organização. Seu nível de engajamento, produtividade e alinhamento com os objetivos da empresa são fundamentais para alcançar resultados excepcionais.

Muitas vezes as empresas têm dificuldades de correlacionar o engajamento com os resultados financeiros, porém existem estudos que apontam que o alto engajamento resulta em uma performance financeira superior, como:

  • Aumento da Lucratividade: Empresas com altos níveis de engajamento dos funcionários são 21% mais lucrativas em comparação com aquelas com baixo engajamento. Isso se deve ao aumento da produtividade, melhor atendimento ao cliente e redução de custos operacionais.
  • Melhoria na Produtividade: Equipes altamente engajadas apresentam um aumento de 17% na produtividade. Colaboradores motivados tendem a ser mais eficientes e tem entregas superiores.
  • Redução do Turnover: Organizações com alto engajamento apresentam 59% menos turnover em comparação com empresas com baixo engajamento. Colaboradores satisfeitos e comprometidos têm menor propensão a buscar oportunidades em outros lugares.
  • Satisfação do Cliente: Colaboradores engajados proporcionam uma melhor experiência ao cliente, resultando em um aumento de 10% na satisfação do cliente.

Referência: Gallup – The Right Culture: Not Just About Employee Satisfaction

  • Engajamento vs Aumento de receita: Organizações com um aumento de 5 pontos percentuais no engajamento dos funcionários viram um crescimento de 3% na receita no ano subsequente.

Referência: Aon Hewitt – 2015 Trends in Global Employee Engagement

Benefícios da Redução do Turnover e Aumento do Engajamento

Implementar estratégias que reduzam o turnover e aumentem o engajamento traz uma série de benefícios tangíveis e intangíveis para a organização.

  • Redução de Custos: Com um turnover menor, há mais recursos para investir em áreas estratégicas.
  • Aumento da Produtividade: Colaboradores engajados e experientes tendem a ser mais produtivos, entregando resultados com maior eficiência e qualidade.
  • Melhoria na Satisfação do Cliente: Equipes motivadas proporcionam melhores serviços e produtos, o que se traduz em clientes satisfeitos, maior fidelização e vantagem competitiva.
  • Inovação e Competitividade: Ambientes de trabalho positivos e engajados estimulam a criatividade, colaboração e geração de novas ideias.
  • Fortalecimento da Marca Empregadora: Empresas reconhecidas por sua cultura organizacional forte e baixo turnover tornam-se mais atrativas para talentos no mercado.

Conclusão

Compreender e agir sobre os custos do turnover e a importância do engajamento é essencial para qualquer organização que busca sucesso a longo prazo. Investir em estratégias que valorizem e engajem os colaboradores não é apenas uma questão de reduzir despesas, mas de reconhecer que o capital humano é o principal impulsionador da inovação, qualidade e competitividade.

Referências

  1. Gallup
    • The Right Culture: Not Just About Employee Satisfaction
    • Link: https://www.gallup.com/workplace/231581/right-culture-not-employee-satisfaction.aspx
  2. Center for American Progress (CAP)
  3. Society for Human Resource Management (SHRM)
  4. Solides

*Filipe Ducas. Formado em Administração, com Especialização em Recursos Humanos e MBA Internacional em Liderança e Gestão, Ducas é uma das referências brasileiras no setor de Remuneração e Benefícios, com uma carreira global e robusta. Co-fundador e Executivo Sênior de Remuneração da Comp, possui mais de 20 anos de experiência em posições de liderança em Remuneração, Operações de RH e People Analytics em gigantes como IBM, Atento, Cognizant, XP Inc. e Grupo OLX. Sua expertise é desenhar políticas e liderar projetos transformadores, com foco em utilizar tecnologia para potencializar o capital humano. Pela Comp, já foi responsável por ajudar mais de 100 empresas a construírem estratégias de remuneração que conectam a estratégia de talentos com o negócio.