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Por que estão falando tanto… como a IA agora é a norma no dia a dia do trabalho

Descubra porque você precisa ficar sabendo do manifesto recente do CEO do Shopify falando sobre do uso de IA e como isso impacta o dia a dia do RH

Bruno Capelas
2 de maio de 2025
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O que você precisa saber

Não é segredo para ninguém que os profissionais têm sido cada vez mais cobrados por incorporar inteligência artificial ao seu dia a dia no trabalho. Seja por uma demanda que vem de cima ou uma curiosidade pessoal, todos os dias surgem novas formas de utilizar a tecnologia no cotidiano. 

No entanto, até agora, a maioria das empresas tem dado a esse movimento um caráter um pouco experimental, sem grandes exigências, buscando muito mais incentivar seus colaboradores do que demandar deles um novo conjunto de habilidades. 

Até agora: nas últimas semanas, causou um burburinho por aí um manifesto escrito pelo CEO do Shopify, Tobias Lutke, sobre o assunto. Enviado por e-mail a todos os colaboradores da empresa, o texto é simples e claro quanto à orientação: “o uso bem pensado de inteligência artificial agora é uma expectativa básica para quem trabalha no Shopify.” 

Em pouco mais de dez parágrafos, Lutke explica que as novas regras valem para todos – incluindo o time de executivos – e que todos devem começar a aplicar a inovação no seu dia a dia. “Não acho que seja razoável deixar de lado a ideia de aprender como usar IA na sua função. Você pode tentar, mas não acho que isso vai funcionar”, declarou ele no texto. 

Mais do que apenas dar essa instrução abstrata, Lutke demonstrou que alguns processos vão mudar consideravelmente no Shopify. Entre eles, alguns chamam bastante a atenção: 

  • Novos projetos: “todo protótipo agora deve ser feito a partir de exploração de IA. Protótipos servem para aprender e criar dados. A IA pode acelerar dramaticamente esse processo.”
  • Avaliação: “vamos adicionar questões sobre a utilização de IA nos questionários de performance e de análise de desempenho pelos pares.” 
  • Compartilhamento de ideias: “o aprendizado sobre IA deve ser autoguiado, mas você deve compartilhar o que aprende. Vamos dedicar tempo para falar do tema nas nossas reuniões mensais de negócios e de desenvolvimento de produtos.” 
  • Administração de recursos: “antes de pedir por verba ou por uma nova vaga, os times terão de demonstrar que não conseguem fazer o que precisam só utilizando IA.” 

Dona de uma plataforma que auxilia milhões de pessoas no planeta a criarem seus e-commerces, a Shopify deixou claro que há uma revolução em curso. “Nosso trabalho é imaginar como o empreendedorismo funciona num mundo em que a IA está disponível para todos”, arrematou Lutke, no email que depois seria vazado pela imprensa, e por fim, publicado pelo próprio CEO. 

O que isso significa para o RH

Ao longo dos últimos anos, a popularização da inteligência artificial tem mudado de maneira sensível a forma como as pessoas trabalham. Se por um lado o texto do CEO do Shopify é esperado, do outro ele traz alterações significativas na forma como o RH deve ser orientado. 

O primeiro passo está na questão cultural: como ponto central e irradiador da cultura da empresa, o RH deverá não só incentivar e cobrar o uso de IA, como também servir de exemplo para todas as outras áreas. Afinal de contas, ninguém gosta de ser “casa de ferreiro, espeto de pau”. 

Outro ponto importante é que para o Shopify – e muitas empresas cujos líderes podem se inspirar no manifesto de Lutke –, IA já não é mais uma habilidade a ser desenvolvida, mas sim cobrada. Isso quer dizer que há uma mudança de estágio, em que não basta apenas treinar os colaboradores, mas cobrar deles resultados. Mais do que isso: com o aprendizado “autoguiado”, o uso de IA passa a ser considerado requisito básico – e não parte da trilha de desenvolvimento de cada profissional. 

Falar sobre o uso de IA em avaliações de desempenho também é algo que pode afetar radicalmente o RH nos próximos anos, bem como toda a discussão sobre novas vagas e orçamentos. É uma faca de dois gumes: se por um lado as empresas precisam recrutar menos por causa de IA, o RH poderá ter mais tempo para cuidar de outras tarefas no dia a dia da empresa. Por outro, porém, isso pode causar uma redução no tamanho de muitos RHs por aí, em especial nas áreas de recrutamento e seleção

É evidente que nem todas as empresas farão amanhã o que o CEO do Shopify determinou neste manifesto. Nem que todas as empresas adotarão a mesma postura – como toda transformação cultural, a adesão ao uso de IA não é facilmente adaptável em qualquer ambiente. Mas é, sem dúvida, um passo ousado em direção a um futuro do trabalho, e que merece atenção de qualquer profissional de Pessoas. 

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Bruno Capelas é jornalista. Foi repórter e editor de tecnologia do Estadão e líder de comunicação da firma de venture capital Canary. Também escreveu o livro 'Raios e Trovões – A História do Fenômeno Castelo Rá-Tim-Bum'.

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