Busque por temas

Em alta

Por que a Roche quer ampliar a presença de cães no escritório

Por que a Roche quer ampliar a presença de cães no escritório

Depois de três edições anuais do Dog Day, a farmacêutica vê a oportunidade de ampliação em evento semestral, além de um espaço dedicado para que os cachorros sejam recebidos todos os dias no escritório. Em entrevista à Cajuína, Vivian Oliveira, gerente de SHE e Engenharia da Roche, explica os benefícios

Uma RH no SXSW: por que explorar eventos de outras áreas

Mariana Mesquita, Global Talent Manager da Hotmart, esteve no SXSW, em Austin, e conta como um festival de inovação, tech e música pode fazer sentido para quem trabalha com RH

Redação
1 de abril de 2024
Leia emminutos
Voltar ao topo

Por Mariana Mesquita, Global Talent Manager da Hotmart*

Este mês estive pela primeira vez no SXSW (South by Southwest), um festival de inovação, tecnologia, música, cinema e cultura do mundo que acontece anualmente em Austin, desde 1987. Foi uma experiência muito rica, intensa e, até, transformadora.

O evento é conhecido por antecipar tendências, especialmente em tecnologia, mas para mim, ele vai além disso, sendo um verdadeiro observatório do comportamento humano, fundamental e imperdível para profissionais envolvidos na gestão de talentos e estratégia corporativa.

Eu escolhi sessões das trilhas de 2050 (futurismo), da creator economy, Indústria de Tecnologia, me aventurei em um tema ou outro fora da caixa, e por atuar em uma posição global, voltada ao desenvolvimento de pessoas, cultura e engajamento corporativo, dediquei bastante tempo em sessões da trilha de Workplace, que discutiu a evolução contínua de como trabalhamos, desde espaços físicos e redefinição das expectativas até a execução de ambientes diversos, avaliando o impacto de tais mudanças tanto nos funcionários quanto dos empregadores.

Eu sempre me interessei por assuntos e práticas diversas, nos quais construí conhecimento e domínio, mas sem necessariamente aprofundamento. Eu gosto de cozinhar, sou uma surfista iniciante, e falo um francês “meia boca”. Essa característica por muito tempo me pareceu um aspecto a desenvolver – eu acreditava que deveria encontrar áreas para ser especialista, ser referência no assunto. Acontece que meu repertório diverso, e o pensamento crítico que desenvolvi ao longo dos anos com ajuda de alguns bons líderes, foi moldando uma profissional hábil em diferentes temas e com amplo conhecimento para atuar na resolução de problemas complexos e com nível de abstração. E por fim, não é que virei referência em alguns assuntos?

Meu repertório diverso, e o pensamento crítico que desenvolvi ao longo dos anos com ajuda de alguns bons líderes, foi moldando uma profissional hábil em diferentes temas

Escrevo isso com o objetivo de encorajar a busca por eventos e experiências que ampliem horizontes, eventos, podcasts, leituras e práticas não óbvias ou da sua área de atuação, pois sabemos que conhecimento é transferível. A inovação vem das conexões que fazemos. E se “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, também nos negócios, soluções podem surgir de paralelos de coisas que já existem, e por vezes, vir de conexões incomuns.

Leia também: A zona de desconforto por Guilherme Benchimol, da XP

Compartilho alguns insights que tive após ouvir e interagir com profissionais relevantes do mercado no SXSW, discutindo e compartilhando suas visões, tendências, e ideias do que está por vir.

Liderança

– Um líder que gerencia apenas através de entregas e resultados, ficou no passado. Em inúmeras sessões, foi trazida a importância da liderança com empatia e autenticidade, demonstrando interesse genuíno pelo bem estar e desenvolvimento das pessoas, cultivando conexões reais. Esse aspecto foi o que mais me chamou a atenção pois foi recorrente em diversas sessões.

– Líderes perfeitos não são reais, e a demonstração de vulnerabilidade com o uso de storytelling na conexão com o funcionário é valorizada.

– Líderes impactam mais a saúde mental e o bem estar dos funcionários do que seus médicos ou terapeutas, de forma que promover um ambiente de trabalho onde as pessoas se sintam vistas, reconhecidas e conectadas ao propósito é essencial.

Vivemos um Superciclo de Tecnologia

– Estamos imersos em um momento de avanço tecnológico impulsionado pela inteligência artificial, biotecnologia e internet das coisas, moldando profundamente nossa forma de viver e trabalhar.

– A demanda por inteligência artificial é motivada principalmente pela busca por velocidade e escalabilidade. Há preocupações sobre a segurança dos modelos de IA e a privacidade dos dados, o que torna essencial a responsabilização e a regulação das empresas por trás de tais tecnologias.

– Amy Webb compartilhou o conceito de FUD (Fear, uncertainty and doubt), para se referir ao medo, a incerteza e a dúvida que estão presentes em nossas vidas devido às rápidas mudanças tecnológicas.

Futuro do Trabalho

– Um grande receio, em um passado recente, era o quanto a inteligência artificial iria substituir a força de trabalho humana. O que está mais claro agora, é que a IA irá transformar a maneira como a muitas tarefas serão realizadas, e nosso desafio é utilizá-la para automatizar processos e liberar as pessoas para atividades mais significativas: as estratégicas e criativas.

– Trabalhar com flexibilidade agrega valor à experiência e a vida dos funcionários. O futuro do trabalho é sobre a escolha de onde trabalhar. Há estudos que sugerem, que momentos presenciais intencionais de team building, se bem estruturados, têm efeitos positivos nos times que duram cerca de 4 meses.

– Reuniões são para resolver problemas e pensar criticamente. Precisamos encontrar novas estratégias para compartilhamento de informações e alinhamentos, tornando o ambiente mais produtivo.

Cultura Organizacional e Bem-estar

– A cultura organizacional desempenha um papel crucial no bem-estar e na produtividade dos funcionários. Se o ambiente de trabalho não permite que as pessoas sejam autênticas, elas terão menos conversas honestas e discussões menos produtivas.

– Ainda há desconexão entre discurso e prática sobre qualidade de vida nas empresas ao se recompensar pessoas que trabalham longas horas para atingir suas metas. Implementar práticas eficazes que promovam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é uma prioridade estratégica.

– O desafio das organizações deveria ser fazer com que as pessoas sintam-se melhor dentro das empresas do que na sociedade em geral, com ambientes inclusivos.

Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI):

– Apesar do reconhecimento da importância da diversidade, equidade e inclusão, há um movimento contra o tema no mercado, observado pelo desmonte das áreas em algumas empresas e/ou da redução de incentivos financeiros.

– A inteligência artificial pode ser uma ferramenta poderosa para identificar e mitigar preconceitos em processos de recrutamento e comunicação, mas é essencial que as organizações estejam comprometidas com a promoção de uma cultura inclusiva e equitativa.

O SXSW não apenas antecipa tendências e te faz experimentar um constante FOMO (Fear Of Missing Out) por todas as sessões que não conseguiu participar, mas te inspira e leva a reflexões profundas sobre o futuro do trabalho, liderança, cultura organizacional e sobre sua própria prática profissional.

*Formada em Psicologia pela UFF e com pós em Gestão Empresarial pela FGV, Mariana Mesquita atua há 15 anos criando estratégias e produtos para melhorar os resultados do negócio através do desempenho das pessoas.