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Como o Instituto Unicred apoiou comunidades e colaboradores nas enchentes no RS
Braço social do sistema de cooperativas de crédito precisou se mobilizar durante desastre climático; visão institucional ajudou a mobilizar apoio, acredita Silvana Agostini, diretora de sustentabilidade e supervisão da Unicred
Não é novidade que as mudanças climáticas impactam cada vez mais as pessoas e as organizações – e se tal fenômeno não havia ficado claro para muita gente, passou a ficar em maio de 2024, quando fortes inundações atingiram o estado do Rio Grande do Sul e deixaram milhares de pessoas desabrigadas, além de impactar boa parte da economia local. Frente a esse cenário, iniciativas públicas e privadas precisaram se mobilizar para minimizar os estragos causados pelas enchentes na maioria das cidades gaúchas.
Uma das instituições que se engajaram nesse processo instituições foi o Instituto Unicred, braço social do sistema de cooperativas de crédito, no mercado há mais de 30 anos. Por meio do Instituto, a Unicred pode mobilizar suas cooperativas espalhadas por todo o Brasil para agir rápido e apoiar não só a comunidade local, mas também mais de 150 colaboradores da própria empresa, fortemente afetados pelas enchentes.
“Assim que identificamos que as nossas agências e os nossos colaboradores foram afetados, começamos a atuar para poder atender essa situação urgente. Só que a gente sentiu que precisava fazer mais. Precisavámos nos mobilizar para além das ações internas da Unicred, atuando como Instituto, porque todas as nossas cooperativas queriam ajudar o Rio Grande do Sul”, explica Silvana Agostini, diretora de sustentabilidade e supervisão da Unicred. Na entrevista a seguir, Silvana conta como o Instituto apoiou o RS, que aprendizados obteve da experiência e como tem sido a evolução da atuação a partir do olhar da iniciativa privada, em linha com a agenda ESG.
Silvana, para começar: quando o Instituto Unicred nasceu, com qual propósito e quais ações realiza?
O Instituto Unicred surgiu de uma forma bem regionalizada, no Rio Grande do Sul. No começo desse ano, expandimos sua atuação para o território nacional. O instituto surgiu da vontade dos presidentes e dirigentes da Unicred, que queriam uma forma de unificar as ações que já fazíamos nas cooperativas, consolidando a nossa atuação social, principalmente voltada para educação financeira. Buscamos uma forma de engajar nossas 30 cooperativas, além de mensurar tudo o que a gente já estávamos fazendo, para inclusive ter mais visibilidade e captar mais recursos para essas ações.
Como uma instituição financeira cooperativa, enxergamos que nosso papel é causar impacto positivo na sociedade atuando na educação financeira. Por meio disso, podemos ajudar as famílias mais vulneráveis a entender como fazer uma boa gestão dos seus recursos. Outro ponto importante é a questão da violência contra a mulher e como elas podem dependentes dos homens financeiramente, em uma situação vulnerável.
Nossa preocupação é atender esses públicos. Além disso, temos alguns projetos e programas, como o Unipoupe, voltado para crianças e adolescentes que estejam em situação de vulnerabilidade.
A Unicred foi particularmente afetada pelas enchentes no RS em maio deste ano. Qual foi a proporção disso para a empresa e quais foram as ações imediatas?
Quando aconteceu o episódio no Rio Grande do Sul, em maio, ninguém imaginava que iria tomar aquela dimensão catastrófica. Assim que identificamos que as nossas agências e os nossos colaboradores foram afetados, começamos a atuar para poder atender essa situação, que era bem urgente.
Só que a gente sentiu que precisava fazer mais. Precisavámos nos mobilizar para além das ações internas da Unicred, atuando como instituto, porque todas as nossas cooperativas queriam ajudar o RS. A partir disso, nos mobilizamos para entrar em contato com cada uma das cooperativas, espalhadas por todo o Brasil, pedindo doações. E o que vimos foi uma resposta positiva muito imediata. Todas as cooperativas aportaram recursos, bem como muitos colaboradores e cooperados. Começamos a atuar rapidamente: quem estava em Porto Alegre, e em cidades da região metropolitana que foram muito afetadas, como São Leopoldo, não só nos passava o que era mais urgente de doações, mas também fazia essa distribuição do que chegava por lá. Por exemplo: entramos em contato com cooperados nossos que tinham caminhões pipa para conseguir mandar caminhões de água para lá, fazendo esse trabalho de intermediação.
Ressalto ainda que tínhamos uma grande preocupação com os nossos 150 colaboradores afetados diretamente. Muitos deles ficaram ilhados, perderam tudo das suas casas, não tinham nem água para tomar. Então, demos uma atenção muito especial para eles, mas também ajudamos a comunidade no entorno desses colaboradores. Fizemos mutirões de limpeza, enviamos EPIs, além de roupas, alimentos, água, produtos de higiene, produtos de limpeza. Também ajudamos os hospitais que estavam precisando de ações rápidas, como limpeza oude doação de cobertores e outros produtos.
Além disso, uma das coisas que o Instituto Unicred também acredita muito é no voluntariado. Sentíamos que muitos dos nossos colaboradores estavam dispostos a ajudar como voluntários, então também atuamos nesse sentido, aproveitando nossas redes internas para direcionar esforços.
Não é a primeira vez que acontecem desastres climáticos como esse do RS. Então, o que vocês perceberam de diferente dessa vez?
Para além dos impactos, que foram muito maiores do que imaginávamos, a principal diferença foi como a gente conseguiu engajar muito rápido o maior número de pessoas possível. Recentemente,já vivemos outros eventos climáticos no RS mesmo, em Santa Catarina e em outras regiões do Brasil também, ainda que em patamares menores.
Nesses casos, vimos que a ajuda ficava muito localizada. Já no RS, vimos uma mobilização das Unicreds que estavam mais próximas, os colaboradores que estavam mais próximos. A partir do momento que trazemos um instituto que realmente dê visibilidade para toda a situação e as suas dimensões, pelo qual conseguimos fazer a prestação de contas do que estamos fazendo, conseguimos mostrar o que está entregando, acabamos engajando mais pessoas. Tivemos cooperados de todas as regiões realmente comprometidos em ajudar as pessoas no RS. E pudemos ver a diferença quando conseguimos unir os esforços.
Vocês já conseguiram mensurar de que forma as ações do Instituto durante as enchentes impactaram como a sociedade e os próprios colaboradores da Unicred veem a marca?
Ainda não temos como mensurar, até porque foi um acontecimento recente. Mas acreditamos que algumas coisas mudaram, e que as pessoas, cada vez mais, querem estar conectadas com marcas que estejam ligadas aos seus valores. Isso tem tudo a ver com a questão do Instituto, tem tudo a ver com o que aconteceu com o Rio Grande do Sul, e acredito que essa atuação social com certeza valoriza a marca e engaja de dentro para fora, até pela quantidade de colaboradores e cooperados que atuaram nessas iniciativas, seja com doações ou voluntariado.
E quais são os aprendizados que ficam após uma experiência como essa? Vocês se sentem mais preparados para enfrentar situações como estas no futuro?
A situação em si foi muito triste, mas nos trouxe muitos aprendizados – inclusive, de como temos que atuar nesses momentos. Esse é o grande desafio que temos no Brasil todo, quando a gente fala em questões climáticas. Todos nós devemos ter a responsabilidade em fazer alguma coisa, ainda que sejam pequenas ações. Mas, é claro que os órgãos públicos e a própria iniciativa privada têm um papel ainda maior de estar preparados para como reagir a essas situações.
Dentro da Unicred, percebemos que já evoluímos bastante, tivemos várias questões em que melhoramos através dessa experiência, como nossas práticas de gestão de pessoas. A partir dos incidentes,pudemos remodelar nossas ações, para acolher as pessoas quando elas passam por situações como essa, para trazer mais conforto, seja em casos das pessoas serem diretamente afetadas, ou quando acontece com familiares ou pessoas próximas dos colaboradores.
Fora isso, em relação ao instituto, melhoramos desde as questões de fluxos de comunicação, até como agir e colocar as ações em prática o mais rápido possível, estando cada vez mais organizados para atuar em momentos como esse.
Mais do que se preparar para enfrentar essas situações, do ponto de vista da responsabilidade social das empresas, como auxiliar a sociedade na mudança desse cenário, para evitar esses desastres climáticos que estão cada vez mais frequentes?
Acredito que todas as empresas devem ter, no seu próprio direcionamento estratégico, um espaço para a questão da agenda ESG, que não deve ser vista não só como uma questão ambiental. A agenda ESG tem que ser vista como parte da estratégia do negócio.
A agenda ESG tem que ser vista como parte da estratégia do negócio.
Além disso, o que eu vejo que é importante é que todas as empresas, todas as iniciativas, por menores que sejam, conseguem fazer alguma coisa. Então, pequenas ações, mesmo uma ação de voluntariado que incentive as pessoas a ajudarem umas às outras, já ajuda a mudar esse cenário. É importante que a gente consiga trazer essa cultura para dentro das empresas.
Se conseguirmos que todas as empresas tenham alguma área voltada para isso, vamos acelerar muito em questões como educação ou cultura, etc. Precisamos fazer isso para as gerações seguintes, para a nossa geração, para a nossa qualidade de vida, para que possamos realmente gerar negócios sustentáveis.
O grande desafio de todos os empresários, e claro, não só do cooperativismo, é que a gente busque fazer pequenas ações, genuínas, cultivando o trabalho das gerações seguintes. Se conseguirmos que os colaboradores se dediquem para isso, vamos dar exemplo:vai haver o filho de um colaborador que já vai ter visto a mãe ou o pai fazendo a diferença. Isso vai ajudar a moldarmos uma geração mais preocupada com a sustentabilidade disposta a fazer o seu papel.
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