Busque por temas

Em alta

Biblioteca Cajuína: 8 leituras imperdíveis sobre diversidade

Diversidade é algo que não se aprende da noite para o dia – mas essas obras podem ajudar muito quem deseja refletir e aprofundar seus conhecimentos sobre o tema

Bruno Capelas
31 de maio de 2023
Leituras imperdíveis sobre diversidade
Leia emminutos
Voltar ao topo

Discutir diversidade, hoje em dia, é mais do que uma área de interesse: é uma necessidade da sociedade brasileira. Não é um tema que se aprende da noite para o dia. Mas algumas leituras podem ajudar muito quem pretende aprofundar seus conhecimentos sobre o tema e refletir de maneira honesta. 

Aqui em Cajuína, estamos sempre falando de diversidade e também sempre pedindo indicações de leituras, filmes, séries e podcasts aos nossos entrevistados – e neste texto, unimos essas duas pautas em prol do conhecimento. Confira:

O Pacto da Branquitude, Cida Bento

Eleita pela revista The Economist como uma das cinquenta pessoas mais influentes do mundo no campo da diversidade, a professora Cida Bento apresenta nesse livro a descoberta de um padrão que ela mesma vivenciou: por mais qualificada que fosse, ela nunca era a escolhida para as vagas em processos seletivos dos quais participava. O mesmo acontecia com seus irmãos, mas não com pessoas brancas, muitas vezes menos qualificadas.

A partir disso, ela passou a pesquisar o porquê disso acontecer. “É um livro que mostra de maneira muito clara o mecanismo de racismo no Brasil, onde existe, de maneira velada, um pacto de proteção entre os brancos”, diz Flávio Barros, Gerente Sênior de Diversidade e Inclusão para América Latina na Page Group. “É um livro que os brancos precisam ler para se posicionar contra isso.”

Diversos Somos Todos, Reinaldo Bulgarelli

Consultor de diversidade há décadas e ex-secretário executivo do Fórum de Empresas e Direitos LGBTQIA+, Reinaldo Bulgarelli traz em “Diversos Somos Todos” uma reflexão sobre a condição humana e o papel de empresas e profissionais na promoção e gestão da diversidade.

No livro, ele defende que todas as pessoas são diversas, e não apenas “os outros”, uma mudança de ponto de vista importante para modificar a forma que muita gente vê o tema de diversidade. “É uma bíblia que todo mundo deveria ler”, diz Vivian Machado, Head de Cultura e Engajamento do Dia Brasil.

Leia também: A importância dos grupos de afinidade dentro da estratégia de diversidade

Pequeno Manual Antirracista, Djamila Ribeiro

Mestra em Filosofia Política pela USP, filósofa e feminista, Djamila Ribeiro é uma referência inescapável quando o assunto é diversidade no Brasil. Além de ter escrito contribuições importantes para o debate público, como o “Pequeno Manual Antirracista” e “Lugar de Fala”, ela também é a organizadora por trás da coleção “Feminismos Plurais”, uma coletânea de textos que já ajudou muita gente para discutir diversidade no Brasil e entender conceitos como racismo estrutural e interseccionalidade.

“A coleção Feminismos Plurais faz um caminho para quem não está familiarizado com a temática de diversidade de forma estruturada. É um caminho para entender a questão racial brasileira e os desafios frente à equidade e à inclusão nesse aspecto”, diz Dayane da Silva, HRBP Sênior da BASF e uma das líderes do Black Inclusion Group, grupo de afinidade étnico racial da empresa.

Racismo Estrutural, Silvio Almeida

Atual ministro dos Direitos Humanos, o professor Silvio Almeida é outra referência importante na discussão sobre o preconceito racial no Brasil. Neste livro, que faz parte da coleção Feminismos Plurais, ele disseca o conceito de racismo institucional, apresentado por Kwame Turu e Charles Hamilton nos anos 1970.

É uma ideia que prega que, mais do que apenas por ações individuais, o racismo está infiltrado nas instituições e na cultura, afetando as condições iniciais de uma boa parte da população. Além de explicar o conceito, Silvio Almeida também mostra como o racismo está presente na sociedade brasileira, com exemplos e dados estatísticos. “O Silvio é uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci”, diz Vivian Machado, do Dia Brasil.

Inclusifique, Stefanie K. Johnson

Professora da Universidade do Colorado, Stefanie K. Johnson dedicou sua carreira a entender a intersecção entre diversidade e liderança – e um dos resultados de sua pesquisa é o livro “Inclusifique: Como a Inclusão e a Diversidade Podem Trazer Mais Inovação à sua Empresa”.

Publicado no Brasil pela editora Benvirá, o trabalho traz estudos de casos de empresas como GM e Starbucks para conseguir fazer equipes representarem sua individualidade e, ao mesmo tempo, agirem de maneira coesa e produtiva – afinal, não adianta ter um time diverso se as pessoas se sentem excluídas. “É um livro que tem uma linguagem muito boa, que ajuda qualquer pessoa a entender porque se fala tanto disso”, diz Juliana Victal, Especialista de Diversidade e Inclusão na Raízen.

Pense de Novo, Adam Grant

Apesar de não ser exatamente um livro sobre diversidade, “Pense de Novo”, do professor da Wharton School of Business Adam Grant, é um livro que costuma ter muito a ver com essa área. Afinal de contas, a principal lição aqui é a de que inteligência, hoje em dia, tem muito mais a ver com ser capaz de repensar e desaprender do que pensar e aprender.

“Apesar de ser um livro de conceitos, é um livro cheio de histórias. Gosto muito da forma como o Adam Grant usa as histórias para fazer as pessoas repensarem algo que elas consideram ser verdade, o que tem tudo a ver com diversidade”, diz Daniele Botaro, Head de Diversidade e Inclusão da Oracle na América Latina.

Bônus: podcast Projeto Querino

Idealizado pelo jornalista Tiago Rogero e inspirado no The 1619 Project, do jornal americano The New York Tmes, o podcast Projeto Querino revisita alguns dos principais episódios da História do Brasil sob o olhar de africanos e seus descendentes no Brasil, incluindo a Independência em 1822 e a Abolição da Escravatura, em 1888.

“É um podcast extremamente rico em histórias, que passa pela trajetória do Brasil colônia aos dias de hoje, discutindo diferentes vertentes que existem na questão racial brasileira”, destaca Dayane Silva, da BASF.

Bruno Capelas é jornalista. Foi repórter e editor de tecnologia do Estadão e líder de comunicação da firma de venture capital Canary. Também escreveu o livro 'Raios e Trovões – A História do Fenômeno Castelo Rá-Tim-Bum'.