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Meu Feedback: Ricardo Bechara, CEO da Loopi

Ex-diretor geral da Rappi no Brasil, o executivo conta como guardou um conselho de seu gestor na época que era estagiário da Unilever, há mais de uma década

Bruno Capelas
8 de novembro de 2022
Meu Feedback: Ricardo Bechara, CEO da Loopi
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Em pouco mais de dez anos, Ricardo Bechara teve uma carreira variada. Foi diretor geral e co-fundador da Rappi no Brasil, diretor de marketing da Mobly, trabalhou em Moçambique e hoje lidera a Loopi, startup que ajuda qualquer pessoa a comprar e organizar suas criptomoedas. Mas o feedback que o administrador de empresas se lembra mesmo veio no início de sua trajetória, quando ele foi estagiário da Unilever. 

A convite de Cajuína, ele lembra como foi esse momento –  e o que o feedback dado por um gestor ainda no começo da carreira lhe proporcionou. 

“Eu comecei minha carreira na Unilever, ainda muito novo. Lá, eu tive um gestor muito bom, que certa vez me deu um conselho: ‘a coisa mais importante no mercado corporativo é como as boas pessoas vão se lembrar de você como profissional’. Era uma filosofia dele, e naquela época as pessoas mudavam muito de empresas. Isso me marcou para pensar sempre em não tomar decisões a curto prazo, especialmente no ponto de vista de pessoas. Sempre busquei estar perto de pessoas que eu admirasse, que estavam crescendo e contribuindo com os outros. 

Esse feedback me fez fazer meu trabalho pensando que o que eu fazia não se resumia só a uma empresa, mas entendendo que as pessoas que estavam comigo iam evoluir no mercado. Se eu fosse uma referência para elas, seja por um tema, competência ou até personalidade, senti que isso ia contar muito para o meu desenvolvimento em outros lugares. Não era algo comum: eu via muitos dos meus pares tendo uma visão de curto prazo, sentindo que estariam na empresa um dia, no dia seguinte não e meio que “foda-se” quanto a isso, sabe? 

Esse feedback me fez fazer meu trabalho pensando que o que eu fazia não se resumia só a uma empresa, mas entendendo que as pessoas que estavam comigo iam evoluir no mercado.

É algo que eu sinto que me trouxe bons frutos ao longo da minha carreira: teve gente com quem eu trabalhei em Moçambique e, quase uma década depois, voltou a trabalhar comigo na Rappi. Meus sócios na Loopi hoje são pessoas que eu conheci em 2011, mas só fomos montar um negócio dez anos depois. Até mesmo a rodada de investimentos que a gente levantou no ano passado tem a ver com isso: a gente sempre se disponibilizou a auxiliar em qualquer tema, ajudando empresas e pessoas, criando relacionamentos. Pensar dessa forma me ajudou a ter uma rede de suporte, com gente que teve o interesse genuíno de contribuir com as pessoas. 

É claro que não é fácil fazer isso, senão você trabalha só para os outros e não foca em você. Todo mundo lida com escassez – e no limite, escassez é uma questão de tempo ou de dinheiro. Com o tempo não tem o que fazer: é preciso priorizar, é um exercício constante. Na Loopi, temos uma reunião de 15 minutos toda manhã, em que cada líder de área fala o que é o mais importante acontecendo naquele momento. A necessidade de falar na reunião ajuda muito o líder a criar uma prioridade para si e para o time. E priorizar tempo também está ligado a dizer não, a fazer uma gestão de como as pessoas vão extrair o seu tempo, senão você sufoca sua agenda. Toda semana é uma luta e sua agenda pode estar à mercê de ser mais ou menos inundado pelas demandas, mas ao longo do tempo, é possível gerenciar bem e estar aberto, não só para fazer um bom trabalho, mas para estar aberto a colaborar com os outros, respondendo da melhor forma.” 

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Bruno Capelas é jornalista. Foi repórter e editor de tecnologia do Estadão e líder de comunicação da firma de venture capital Canary. Também escreveu o livro 'Raios e Trovões – A História do Fenômeno Castelo Rá-Tim-Bum'.