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*Por Bruno Felix
No mercado de trabalho em constante transformação, muitas profissões novas, conhecidas no meio acadêmico como emergentes, enfrentam um desafio comum: a construção de uma identidade profissional positiva em contextos marcados pela falta de legitimidade e pelas ambiguidades de expectativas. Profissões como gestores de mídias sociais, criadores de conteúdo e coaches frequentemente se encontram sob críticas e olhares desconfiados. Essas dinâmicas criam uma pressão que pode impactar o engajamento, a confiança e a percepção de valor de seus profissionais.
Mas como esses trabalhadores podem construir uma identidade ocupacional clara e positiva em um campo onde enfrentam tanto validação quanto contestação? Essa é a questão central explorada no estudo “How workers construct a sense of positive occupational identity in a contested emerging profession: the case of career coaches”.
Tradições bem estabelecidas, como as profissões de médicos ou advogados, oferecem modelos claros de atuação e legitimidade social. Por outro lado, ocupações emergentes enfrentam desafios adicionais por carecerem de uma história consolidada de contribuições ou por serem vistas como menos “morais” ou “legítimas”. O caso dos coaches de carreira é um exemplo emblemático: enquanto alguns enxergam valor na profissão, outros questionam sua validade, limites e impacto.
Nosso estudo qualitativo com 43 coaches de carreira no Brasil revelou que a construção de identidade ocupacional nesses contextos depende de dois elementos fundamentais:
Outro fator importante é estratégias para construir uma identidade ocupacional positiva. O estudo identifica três princípios-chave para profissionais que enfrentam desafios semelhantes:
Muitos profissionais em profissões emergentes se sentem pressionados a encontrar uma “autenticidade perfeita” – um estado em que seu trabalho reflete completamente sua identidade pessoal. Contudo, essa expectativa nem sempre é realista. A pesquisa mostra que é mais produtivo buscar uma autenticidade suficiente, um ponto em que você se sente genuíno o bastante para agir de forma significativa, mesmo que nem todas as expectativas sejam atendidas.
A validação social é um componente essencial da identidade ocupacional. No entanto, para profissionais em ocupações emergentes ou contestadas, a aprovação universal é raramente alcançada. Em vez disso, concentre-se nos grupos que reconhecem e respeitam seu trabalho. Esses grupos podem incluir seus clientes, pares ou comunidades profissionais que compartilham valores semelhantes.
Enquanto o trabalho individual ajuda a moldar a identidade ocupacional, é preciso também agir coletivamente para fortalecer os alicerces da profissão. Engaje-se em iniciativas que promovam o diálogo com a sociedade, definam limites claros para a atuação profissional e colaborem para o desenvolvimento de padrões éticos e boas práticas.
As transformações no mercado de trabalho não dão sinais de desaceleração. Profissões emergentes continuarão a surgir, e a capacidade de navegar pela ambiguidade e contestação se tornará cada vez mais essencial. Para líderes e profissionais em busca de reconhecimento em campos novos, a chave está em abraçar a complexidade e em transformar desafios em oportunidades de crescimento.
Coaches, criadores de conteúdo, bloggers, especialistas em inteligência artificial, consultores de diversidade – não importa sua ocupação, os princípios aqui descritos podem ajudar você a moldar uma identidade ocupacional positiva e a construir um futuro mais legítimo para sua profissão.
*Bruno Felix é professor da Fundação Dom Cabral e professor visitante na Universidade de Pforzheim (Alemanha) e Audencia Business School (França), leciona temas relacionados à Gestão de Pessoas, com ênfase em Gestão da Cultura Organizacional, Comunicação e Oratória no contexto do trabalho e Gestão Estratégica de Pessoas. É doutor em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com doutorado sanduíche em Psicologia Social pela Universidad Complutense de Madrid. Foi sócio-proprietário da empresa de treinamentos Avatis, pela qual atendeu clientes como Petrobras, Banco do Brasil, Sicoob, Unimed, Wine, Vale, ArcelorMittal, SENAC, Tribunal de Justiça e Correios. Também foi sócio-proprietário da Tegrus, empresa especializada em RevOps e Growth. Atuou como professor titular na Fucape Business School, onde coordenou programas de Especialização Abertos, In Company e o Mestrado Profissional na unidade do Rio de Janeiro dessa instituição. Atualmente, é editor-chefe da Brazilian Business Review (BBR), classificada como Qualis A2.
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