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Por que estão falando tanto de… solidão de times remotos

O trabalho remoto é uma realidade para muitas pessoas no Brasil e no mundo, sobretudo após a pandemia de covid-19. Mas, apesar de proporcionar mais conforto e bem-estar para os profissionais, também vem desencadeando um novo fenômeno, que nos EUA ganhou o nome de "epidemia da solidão".

Eduarda Ferreira
6 de junho de 2024
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O que você precisa saber

Durante a pandemia de covid-19, o número de pessoas que passou a trabalhar nos regimes remoto ou híbrido cresceu significativamente no Brasil e em diferentes partes do mundo. Agora, embora a volta ao trabalho 100% presencial seja uma realidade para boa parte da população, há uma parcela de trabalhadores e empresas que seguem dando preferência ao conforto e melhor aproveitamento do tempo que o trabalho remoto proporciona – segundo dados da PNAD Contínua do IBGE, divulgados em 2023, 9,5 milhões de brasileiros estavam exercendo trabalho remoto. 

Mas, se, por um lado, esse modelo de trabalho representa uma melhora na qualidade de vida para quem não precisa mais perder horas no trânsito durante o trajeto casa–escritório, há também um fenômeno que vem impactando quem trabalha no regime remoto: a solidão do home-office. 

Conforme conta o Wall Street Journal, um estudo feito pela seguradora de saúde Cigna apontou que o número de adultos norte-americanos que se consideram solitários aumentou para 58% em 2023. Além disso, mais de 40% dos trabalhadores totalmente remotos da Bright Horizons disseram que passam dias sem sair de casa. Essa é só a ponta do iceberg do que eles tem chamado por lá de “epidemia de solidão”. 

O que acontece é que, apesar de estarmos cada vez mais conectados com nossos parceiros de trabalho por meio das ferramentas tecnológicas, nunca antes estivemos tão sozinhos. Isso não significa que o trabalho em um escritório não pode ser solitário, mas, segundo o estudo, as interações casuais, responsáveis por promover a felicidade no trabalho, não podem ser substituídas por reuniões por vídeo-chamada. 

O grande número de reuniões, inclusive, faz parte do problema. Dados da Microsoft comprovaram que os norte-americanos triplicaram o tempo gasto em reuniões desde 2020. Outra pesquisa, com funcionários da Perceptyx, descobriu que pessoas que se descreviam como “muito solitárias”, paradoxalmente, eram as que tinham cargas de reuniões mais pesadas: 40% delas passavam mais da metade de suas horas de trabalho em reuniões.

O que isso significa para o RH

Não é novidade que a força de trabalho humana é o recurso mais valioso para qualquer companhia. Mas, para ter sucesso nos negócios, não basta apenas contratar pessoas – é preciso ter um time de funcionários feliz e engajado. Uma equipe motivada, satisfeita e que trabalha em conjunto reflete na produtividade, o que, consequentemente, traz os resultados positivos para o dia a dia da empresa. 

Por outro lado, a desconexão tende a aumentar a rotatividade de pessoas e as ausências de trabalhadores, tornando-se um problema nos negócios. Segundo a pesquisa da Cigna, esse fenômeno da solidão e desconexão entre os trabalhadores norte-americanos pode custar às empresas US$ 154 bilhões de dólares, só em relação ao absentismo. 

Diante dos impactos que essa solidão dos funcionários podem trazer para as empresas, promover mais espaços de interação entre os times, tornando isso parte da cultura organizacional, pode ser um caminho para a melhoria do cenário. E, para aprofundar vínculos e gerar interação causal entre os funcionários não significa que todo mundo precisa voltar a trabalhar 100% no modelo presencial – até porque entendemos até aqui que o trabalho no escritório também pode ser solitário. O que pode – e deve – ser feito é proporcionar momentos de integração e convívio entre os funcionários, como encontros e integrações para momentos de descontração. 

Além desses momentos especiais, vale também um trabalho do RH com as lideranças para conscientização em torno desse assunto. Práticas simples, como iniciar reuniões 1:1 com perguntas sobre emoções e sensações, podem auxiliar nesse sentido. Da mesma forma, ter um espaço para discussão sobre tópicos além-trabalho nas reuniões diárias ou semanas de times pode também fazer a diferença – como fez para manter a sanidade de muita gente durante a pandemia. 

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Eduarda Ferreira é jornalista e atualmente contribui com a área de conteúdo da Caju. Possui interesse em pautas relacionadas à negócios, tecnologia e sustentabilidade.