Programas de desenvolvimento interno de talentos estão em alta e movimentam o mercado de recursos humanos, além de promoverem a diversidade nos negócios
Por que estão falando tanto de… mad skills
Cada vez mais valorizadas em um mercado de trabalho que almeja por diversidade e inovação, essas habilidades, que incluem hobbies, interesses e experiências, podem trazer novas ideias e abordagens para os desafios do negócio.
A expressão do momento, aquela tendência que acabou de chegar ao mercado, uma notícia que tem chamado atenção, uma trend que viraliza nas redes ou até uma nova regulamentação. Se o tema está quente, é melhor não ficar para trás. Mas nem sempre conseguimos ir na esteira das novidades e entender tudo que tem acontecido no mundo do RH.
A roda gira, e às vezes bem rápido. Esta seção de Cajuína traz os assuntos mais frescos do universo de quem trabalha com gente.
Na pauta dessa semana, vamos falar sobre as chamadas mad skills, ou “habilidades incríveis”, e explicar por que você precisa ficar sabendo desse assunto.
O que você precisa saber
Habilidades técnicas (as hard skills) e comportamentais (as soft skills) já são velhas conhecidas de RHs e lideranças. Mas é só para isso mesmo que olhamos na hora de preencher uma posição na empresa? Ao buscar um talento no mercado, a procura é por mais. Afinal, uma pessoa é formada de muito mais do que suas competências profissionais e do seu currículo. E tudo o que ela é, influencia a forma como ela se trabalha, aprende, se desenvolve, se relaciona e se comporta.
É justamente esse conjunto de vivências e interesses pessoais que passou a chamar atenção de recrutadores em todo o mundo. As chamadas “mad skills”, ou habilidades incríveis (em tradução livre), são aquelas habilidades fora do comum ou únicas que um candidato tem — e que podem fazer a diferença no seu perfil diante de uma candidatura ou de uma oportunidade de promoção. Essas habilidades vão além das tradicionais e podem incluir paixões, hobbies e experiências.
Essas habilidades tornaram-se particularmente desejáveis em um mundo de trabalho que foi remodelado pela pandemia da COVID-19. Hoje, as empresas estão procurando, cada vez mais, por candidatos que possam trazer novas ideias e abordagens para os desafios do negócio, ajudando a reinventar suas abordagens organizacionais.
As mad skills também estão frequentemente relacionadas à personalidade do funcionário, mas são mais originais — e raras — do que as soft skills, as habilidades comportamentais. A princípio, as habilidades adquiridas por meio de tais experiências tão diversas, como um projeto de agroecologia, um podcast ou mesmo uma vida nômade de exploração e aventura, podem parecer totalmente irrelevantes para o cargo para o qual um candidato está se candidatando. Mas, nessas experiências, o recrutador pode ver a originalidade que permite ao candidato trazer uma perspectiva única, e até disruptiva, para questões que surgem em um contexto profissional.
Por exemplo, o ano que uma pessoa passou do outro lado do mundo pode não ter ajudado a desenvolver “hard skills” necessárias para o cargo de gerente de vendas, mas mostra que esse profissional tem espírito aventureiro, sabe se virar e tem muito gosto por um desafio.
O que isso significa para o RH
Pessoas com habilidades incríveis podem ser um verdadeiro ativo para lideranças que querem se rodear de funcionários criativos e inventivos. É por isso que pessoas recrutadores devem não só valorizar essas habilidades, mas também encorajar as pessoas candidatas a prestarem atenção especial aos seus hobbies, interesses e experiências de vida para extraírem dali as suas “mad skills”. De acordo com uma pesquisa da Indeed, de 2019, 75% dos gerentes de contratação dizem que dão importância a projetos pessoais na hora de ler um currículo.
Mas, embora os candidatos possam ter essas habilidades e experiências únicas, eles ainda precisam saber como transformá-las em trunfos. Essa adição de qualidades consideradas essencialmente pertencentes à esfera pessoal pode ser uma fonte de ansiedade para aquelas pessoas que não puderam se dar ao luxo de passar um ano no exterior, não praticam um esporte diferente ou fazem cursos de idiomas. Para “correr atrás do prejuízo” e se destacar, muitos tentam transformar até mesmo luto, doença ou falhas profissionais em experiências de vida que poderão avançar suas carreiras.
E é aqui que mora um paradoxo das “mad skills”: a originalidade tão cobiçada por lideranças e recrutadores é muito menos fora do comum do que esperamos. Em muitos casos, elas nem desviam tanto do normal quanto o nome pode indicar (pois “mad” em inglês também pode ser lido como “louca”). O interesse que tem crescido em torno dessas habilidades incríveis está de fato ligado a um discurso que promove os benefícios da inovação e mudança nos negócios. E isso pode vir de fontes muito diversas de experiências e características. Portanto, cuidado ao valorizar demais aquelas vivências exóticas, exuberantes e claramente inacessíveis para grande parte da população.
Habilidades incríveis podem vir de lugares mais mundanos e cotidianos, daqueles interesses considerados menores, hobbies vistos como desimportantes. O que vale é como essa pessoa converte esses aprendizados e essa visão de mundo em inventividade, em competências relacionais, na capacidade de liderar pessoas, de encarar problemas, de criar laços e de enxergar os caminhos mais interessantes para os desafios do dia a dia.
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