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As 15 profissões do futuro (e as que não farão parte dele), segundo o Fórum Econômico Mundial
Relatório anual da instituição, elaborado em parceria com a Fundação Dom Cabral, aponta as posições mais impactadas pelas novas tecnologias e indica tendências para o futuro do trabalho
O impacto de tecnologias emergentes na força de trabalho global segue sendo um dos principais pontos de discussão quando o assunto é o futuro do trabalho. A substituição da mão de obra por automação e a extinção de empregos, ainda que apontada como uma tendência indiscutível, não deve preocupar, já que o saldo para geração de novos postos em função dessas mesmas tecnologias será positivo. É o que indica a nova edição do relatório Futuro do Trabalho 2025, realizada pelo Fórum Econômico Mundial (WEF), em parceria com a Fundação Dom Cabral, que representa oficialmente a organização no Brasil.
O relatório aponta que grande parte dessas tecnologias já abandonaram o posto de “tendências” e assumiram o papel de influenciadores diretos no desempenho de empregados e empregadores. É o caso de inovações em alta como inteligência artificial (IA), Big Data e Machine Learning. No Brasil, a urgência do tema já chama a atenção de 53% dos empregadores, que indicam essas áreas como prioritárias para requalificação da força de trabalho nos próximos cinco anos.
O relatório também traz uma perspectiva sobre as principais tendências no mundo do trabalho, o que inclui projeções relacionadas a cargos em ascensão e declínio no curto prazo. A proposta é entender as principais mudanças no mercado de trabalho, sob uma ótica de influência das tecnologias e fatores macroeconômicos e sociais. O período de análise, para a versão mais recente, compreende os meses de maio a setembro de 2024 e contou com mais de 1.000 respondentes.
As principais tendências
O WEF e a FDC apontam cinco grandes tendências capazes de reconfigurar empregos e habilidades profissionais nos próximos cinco anos. A primeira delas, indica o estudo, é a de requalificação profissional contínua. O desenvolvimento de habilidades tecnológicas, especialmente em competências relacionadas à inteligência artificial (IA), Big Data e segurança cibernética estão no topo da lista.
“A IA, por exemplo, deixou de ser filme de ficção científica, é tema em universidades pelo mundo, e passou a ser assunto do mercado de trabalho”, disse Hugo Tadeu, diretor do núcleo de Inovação, Inteligência Artificial e Tecnologias Digitais da Fundação Dom Cabral, durante entrevista coletiva no lançamento do estudo. Para o especialista, grandes empresas têm perdido orçamento receita ao não serem capazes de comprovar, de maneira prática, os ganhos com políticas educacionais e de capacitação.
Tendo isso em vista, o lifelong learning ganha um novo peso na agenda de empresas nos próximos anos. O tema “requalificação profissional”, por exemplo, é visto como urgente e necessário por mais de 65% dos trabalhadores.
Segundo o relatório, o trabalhador também estará, nos próximos cinco anos, mais digital e próximo de tecnologias consideradas até então inacessíveis, como IA, robótica e automação e geração, armazenamento e distribuição de energia, o que vai de encontro com a ascensão em grandes empresas de temas como sustentabilidade, eficiência energética e gestão de emissões.
Como uma macrotendência, essa ampliação do acesso digital é apontada por 60% dos respondentes, enquanto o aumento dos esforços ambientais, como a redução das emissões de carbono, é considerada uma prioridade para 47% das organizações. Essas duas tendências, segundo a FDC, têm impulsionado uma demanda crescente por “empregos verdes”, aqueles ligados à sustentabilidade e ao meio ambiente.
O dado também está em linha com achados recentes da própria Fundação Dom Cabral. De acordo com Tadeu, estudos recentes da organização destacam a eficiência energética e gestão das emissões de carbono como parte relevante dos gastos corporativos globais no último ano.
As profissões do futuro
De acordo com a FDC, é esperado que as transformações em curso e a adoção tecnológica em massa sejam responsáveis pela extinção de 92 milhões de empregos em todo o mundo — cerca de 8% do total de empregos formais atuais.
Essa redução, porém, deve ser compensada pela criação de novos 170 milhões de postos de trabalho em função das mesmas tecnologias. Tendo isso em vista, o saldo é positivo, reforça a FDC. “Não temos uma leitura catastrófica. Pelo contrário. É uma leitura benéfica para o futuro do trabalho, pois 170 milhões de novos empregos serão criados”, afirma Tadeu. “Desde que as empresas tenham o compromisso de fazer o investimento devido e as universidades mudem suas grades curriculares e deixem de lado a lentidão tradicional e conservadorismo na formação de mão de obra, nosso futuro é otimista”, diz o diretor da FDC.
Considerando o potencial para criação de vagas entre 2025 e 2030, o Fórum Econômico Mundial listou as profissões em alta para os próximos anos. São elas:
1. Especialista em Big Data
2. Engenheiros de Fintech
3. Especialistas em IA e Machine Learning
4. Desenvolvedores de Software e Aplicações
5. Especialistas em Gestão de Segurança
6. Especialistas em Armazenamento de Dados
7. Especialistas em Veículos Elétricos e Autônomos
8. Designers de Interface e Experiência do Usuário (UI E UX)
9. Especialistas em Internet das Coisas (IoT)
10. Motoristas de Serviços de Entrega
11. Analistas e cientistas de Dados
12. Engenheiros Ambientais
13. Analistas de Segurança da Informação
14. Engenheiros de DevOps
15. Engenheiros de Energia Renovável
Profissões que vão cair em desuso
O WEF também selecionou as posições com maiores chances de extinção, até 2030, em função do avanço das novas tecnologias e das tendências observadas. São elas:
1. Funcionários de Serviços Postais
2. Caixas bancários e cargos relacionados
3. Operadores de entrada de dados
4. Caixas e atendentes
5. Assistentes administrativos e secretárias executivas
6. Trabalhadores de impressão e cargos relacionados
7. Contadores, auxiliares de contabilidade e de folha de pagamento
8. Atendentes e condutores de transporte
9. Assistentes de registro de materiais e controle de estoque
10. Vendedores porta a porta, vendedores de jornal, ambulantes e cargos relacionados
11. Designers gráficos
12. Peritos de seguros, examinadores e investigadores
13. Oficiais jurídicos
14. Secretárias jurídicas
15. Operadores de Telemarketing
As habilidades do futuro
De acordo com o relatório, cerca de 39% das habilidades existentes deverão ser transformadas ou se tornarão obsoletas nos próximos cinco anos, o que exige requalificação e treinamento contínuos — uma ambição para 85% dos empregadores.
Nesse sentido, as habilidades mais demandadas incluem pensamento analítico, resiliência, flexibilidade, agilidade, liderança e influência social. Dentre as principais habilidades exigidas estão:
- Pensamento analítico (69%)
- Resiliência, flexibilidade e agilidade (67%)
- Liderança e influência social (61%)
- Pensamento criativo (57%)
- Motivação e autoconhecimento (52%)
- Alfabetização tecnológica (51%)
- Empatia e escuta ativa (50%)
- Curiosidade e aprendizado contínuo (50%)
- Gestão de talentos (47%)
- Orientação para o serviço e atendimento ao cliente (47%)
- IA e Big Data (45%)
- Pensamento sistêmico (42%)
- Gestão de recursos e operações (41%)
- Confiabilidade e atenção aos detalhes (37%)
- Controle de qualidade (35%)
Quais serão os desafios?
O relatório indica que o Brasil segue as premissas globais de substituição de mão de obra a partir da demissão de profissionais menos qualificados por profissionais com maior familiaridade tecnológica. De acordo com Tadeu, no longo prazo, economias que investem em formação profissional, a exemplos de países como países europeus e Canadá, tendem a ver isso como uma mudança benéfica.
Já os países de baixa renda, onde não há a priorização pela formação de mão de obra tecnológica, podem se ver diante do desafio de interromper a importação de talentos.
No Brasil, onde a formação tecnológica está aquém da demanda observada pelo mercado, há o risco de continuar com a premissa da importação de talentos e um déficit profissional na área, avalia o diretor. “Isso é um sinal de alerta, pois se acontecer até 2050, a tendência é que as empresas invistam mais em robotização e automação para dar conta dessa lacuna, o que causaria uma queda da produtividade global”, ressalta o executivo da FDC.
A avaliação é de que a existência dessa mão de obra depende, em boa medida, do comprometimento conjunto de poder público e empresas privadas. No caso das companhias, alocar o número necessário de profissionais para áreas promissoras como IA, Big Data, segurança de dados e IoT dependerá da criação de programas de educação e parcerias com instituições e plataformas de aprendizado.
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