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Por que a Roche quer ampliar a presença de cães no escritório
Depois de três edições anuais do Dog Day, a farmacêutica vê a oportunidade de ampliação em evento semestral, além de um espaço dedicado para que os cachorros sejam recebidos todos os dias no escritório. Em entrevista à Cajuína, Vivian Oliveira, gerente de SHE e Engenharia da Roche, explica os benefícios
Na subsidiária brasileira da farmacêutica Roche, a presença de cães no escritório foi vista como uma oportunidade de bem-estar e saúde dos colaboradores. Para testar a ideia, ainda antes da pandemia da covid-19, um grupo pôde levar os animais para um espaço externo da sede, até então na região do Jaguaré, em São Paulo. Já em 2022, com a mudança para Santo Amaro, também na capital, a adesão do condomínio às políticas pet friendly estimulou a Roche a realizar um evento anual. “Depois da pandemia percebemos o maior apego das pessoas com os cães e, a partir de pesquisas, vimos a oportunidade de realizarmos um evento que traz bem-estar”, diz Vivian Oliveira, gerente de SHE e Engenharia da Roche e responsável pela ação.
De fato, a pandemia foi um marcador temporal na forma com que as pessoas se relacionam com os animais domésticos. De acordo com a pesquisa Radar Pet 2021, da Nestlé, o número de animais de estimação nos lares brasileiros cresceu 30%. Outro estudo da companhia aponta que 68% dos millennials estariam interessados em levar os cães ao trabalho. Já a busca no Google por locais nos quais os animais possam ser levados, como bares e restaurantes, aumentou 200%.
Em cada uma das três edições que aconteceram até o momento, 40 cães estiveram no escritório da Roche em um dia com atividades que foram desde recreação para os pets à almoço especial para os colaboradores. Percebendo a efetividade, a companhia estuda novos modelos, como o evento semestral e um espaço específico para que até cinco cães possam ser recebidos todos os dias, mediante a uma pré-reserva. “A ideia é que o colaborador possa reservar a vaga do cachorro assim como ele reserva sua estação de trabalho. Estamos em um modelo híbrido de três dias em casa e dois no escritório e entendemos que essa ação pode agregar bastante valor”.
Como a Roche desenvolveu o Dog Day?
Estamos sempre buscando entender quais práticas e benefícios fazem sentido para o colaborador da Roche. Há mais de 20 anos temos um dia por ano no qual os pais trazem seus filhos para o escritório, esse momento é chamado de Brincando de Conhecer. Com a mudança de comportamento dos colaboradores, especialmente após a pandemia da covid-19, com mais apego aos pets, sentimos que era possível fazer algo para eles, inspirado no Brincando de Conhecer.
Outra questão é que vimos essa oportunidade quando o condomínio, no qual está localizado o escritório da Roche, começou a ter ações dog friendly. No mesmo condomínio está o escritório da Nestlé que, tem uma linha de produtos pet e, se interessou em montar um espaço para os cães no térreo. Isto estimulou a possibilidade de que mais empresas tivessem ações com os pets.
Quando formulamos o Dog Day, em 2022, contratamos uma empresa de recreação, oferecemos fotos e brindes, crachá para os cães e um almoço especial para os tutores. Logo na primeira edição percebemos a alta demanda na participação, chegando a ter uma lista de espera, visto que podemos receber apenas 40 cães — o condomínio permite até oito animais por andar do prédio, a Roche tem escritório em cinco andares.
Além disto, antes da pandemia da covid-19 tínhamos feito duas edições do Dog Day, mas com algumas diferenças, visto que no escritório anterior tínhamos um bosque e os cachorros ficaram no espaço externo. Se contarmos no escritório mesmo, até o momento tivemos três edições anuais do Dog Day e queremos tornar o evento semestral a partir do ano que vem.
Foi preciso alguma adaptação do espaço para receber os cães?
Na rua de trás do escritório há uma creche para cachorros, que nos amparou nas atividades de recreação no nosso auditório, que é uma espécie de arena e nos permite diferentes usos. Mas os tutores também puderam circular com os animais no prédio, desde que não incomodassem outras pessoas em reunião, por exemplo. Assim, a preparação foi mais no sentido da organização do evento do que de alguma alteração física do espaço.
Como a Roche entendeu a ação como benéfica?
A ação foi embasada em estudos que apontam como os pets são importantes para as pessoas e como a presença deles no escritório cria um ambiente mais dinâmico e positivo. Na prática, conseguimos ver um impacto nas relações dos colaboradores, as expressões de alegria e o quanto eles gostaram de estar com o pet. Outro indicador positivo é o resultado da pesquisa de satisfação que fizemos com os participantes, e o fato de que nunca tivemos reclamações por conta do Dog Day. Outro indicador foi o vídeo que fizemos com a nossa gerente de comunicação e seu cão, que viralizou no Instagram.
As pessoas fazem elogios e pedem por mais atividades como essa. Inclusive, passamos a avisar antecipadamente, especialmente as pessoas que ficaram na lista de espera, quando será a próxima data. Isto não garante algum privilégio ou inscrição, mas fica no radar de quem está interessado. Em média, temos um investimento de 30 mil reais por evento, algo relativamente baixo e com um ótimo retorno na satisfação de todos.
Na prática, conseguimos ver um impacto nas relações dos colaboradores, as expressões de alegria e o quanto eles gostaram de estar com o pet.
Como a Roche pretende ampliar as ações relacionadas aos cães?
Além de ampliarmos o Dog Day de uma para duas vezes ao ano, estamos desenvolvendo um projeto para que alguns cães possam vir ao escritório e aqui ficar em dias regulares, mas vamos começar com um número limitado de quatro ou cinco, pois será em apenas um andar e precisamos seguir as normas do condomínio.
A ideia é que o colaborador possa reservar a vaga do cachorro assim como ele reserva sua estação de trabalho. Estamos em um modelo híbrido de três dias em casa e dois no escritório e entendemos que essa ação pode agregar bastante valor.
A Roche oferece outros benefícios, como seguro saúde pet?
Olhando para os benefícios dos colaboradores entendemos que o seguro saúde pet ainda não faz sentido, mas estamos buscando oportunidades de mais momentos como o Dog Day. Além do futuro espaço para o recebimento de cães em outras datas, entendendo a importância do bem-estar, também convidamos a ONG Patas Therapeutas, que esteve conosco um dia de setembro, por conta da indicação de uma colaboradora. A ONG tem cães que são treinados para visitar hospitais, creches e asilos e, no caso das empresas, também contribuem para avaliar a pressão do ambiente. Neste momento também fizemos um aporte financeiro para a ONG.
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