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Por que a Allianz mandou colaboradores para serem voluntários nos Jogos Olímpicos de Paris

Patrocinadora do evento e dos Jogos Paralímpicos, empresa diz que ações ressaltam diversidade, engajamento com a marca e responsabilidade; para voluntária, experiência a fez sair da zona de conforto

Bruno Capelas
29 de agosto de 2024
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O que faz uma empresa patrocinar um dos eventos mais assistidos e celebrados do mundo todo? E que tipo de benefícios é possível colher de uma competição como os Jogos Olímpicos? Para a Allianz Seguros, a resposta está na promoção da diversidade, no engajamento dos colaboradores com a marca e no senso de responsabilidade. Em Paris – 2024, a empresa enviou cerca de 500 colaboradores, vindos de 16 países, para trabalhar como voluntários nas competições – incluindo três brasileiras. 

A analista de marketing da companhia no Rio de Janeiro, Laís Neris, foi uma das três voluntárias brasileiras escolhidas para participar dos Jogos, acompanhando as competições de ciclismo e orientando o público ao longo de 15 dias de evento. “Nunca lidei diretamente com o público e fazer isso enfrentando uma barreira linguística foi sair da zona de conforto, um grande aprendizado. Lidar com pessoas de outras faixas etárias e fora do mundo corporativo foi outro, especialmente por ver outras maneiras de se trabalhar e de se compreender o mesmo trabalho”, conta ela, em entrevista para Cajuína

Além do crescimento pessoal e profissional, Laís conta ainda que voltou da França mais engajada com a empresa – especialmente por poder vivenciar o aspecto global da companhia. “Uma coisa é entender como a companhia funciona no seu dia a dia, outra é entender a robustez mundial dela: tive a oportunidade de encontrar outros funcionários da Allianz no dia a dia em Paris, e isso mudou muito minha percepção”, diz ela, escolhida entre diferentes pessoas da Allianz num processo que envolveu etapas internas e seleção pelo COI, ao longo de mais de um ano. 

O sentimento é ecoado por Márcia Lourenço, diretora de RH e Comunicação da empresa. “Nosso objetivo sempre foi de engajamento e responsabilidade. O engajamento vem da ideia de que as pessoas não vão esquecer uma vivência como essas. E a responsabilidade de compreender nosso papel com as comunidades, com o entorno, com o mundo que nos cerca”, diz a executiva. 

Na entrevista a seguir, Laís conta com mais detalhes como foi a experiência de trabalhar como voluntária em Paris-2024; já Márcia explica como a Allianz se beneficia ao proporcionar oportunidades como essa para seus colaboradores. 

Como surgiu a iniciativa da Allianz de enviar colaboradores para os Jogos Olímpicos de Paris? 

Márcia Lourenço: Como grupo, a Allianz já tem essa iniciativa há alguns anos por ser patrocinadora global das Olimpíadas, mas esta foi a primeira vez que o Brasil participou. É um programa que fala muito sobre diversidade, dentro da nossa agenda de diversidade e inclusão, e foi uma felicidade poder mandar as pessoas lá para fora para conviver com culturas e pessoas diferentes. Dar uma experiência dessas para os nossos colaboradores faz toda a diferença. 

Como foi o processo de seleção dos colaboradores para ir aos Jogos? 

Márcia: O processo aconteceu em duas partes e tinha critérios bem rigorosos – como o fato de necessitar que a pessoa fosse fluente em inglês. Além disso, também fizemos muitas entrevistas para saber como as pessoas lidariam nos ambientes diversos dos jogos e como representariam a Allianz no evento. Depois disso, passamos por um sorteio, até chegar à seleção do COI. 

Laís Neris: Foi um processo bem robusto. Dessas 20 pessoas que foram selecionadas, foi necessário passar por uma prova de proficiência em inglês. O COI teve seu processo também, em provas que buscavam não só selecionar, mas também identificar em que tipo de time as pessoas se dariam melhor, observando características como liderança, extroversão e capacidade de estar em tarefas operacionais. O processo começou em agosto de 2022, dentro da Allianz, e nós recebemos a aprovação final do COI em outubro de 2023. Da aprovação até os Jogos, a gente também teve uma série de reuniões para alinhar o processo e o suporte que a empresa daria pra gente, incluindo passagem, hotel, alimentação e seguro. Na paralela, eu e as outras meninas fizemos um curso de francês para ficarmos mais ambientadas durante a competição. 

Durante os Jogos, qual era a sua função, Laís? 

Laís: Fiquei alocada nas competições de ciclismo, participando das três modalidades: outdoor, mountain bike e indoor de velocidade. Lá, fiquei no time de experiência do espectador, então todas as minhas missões eram relacionadas a esse suporte. Cada dia era uma missão diferente: houve momentos em que apoiei as pessoas que chegavam ao local de competição com mobilidade reduzida, levando as pessoas nas cadeiras de rodas da entrada até o seu local; também escaneei tíquetes e fiquei no megafone recebendo as pessoas, emitindo avisos sobre a entrada principal e coisas do tipo. 

Do ponto de vista pessoal, que tipo de aprendizados você teve ao longo desses dias? 

Laís: Foi uma das experiências mais incríveis da minha vida. Um dos principais aprendizados veio quando saí da minha zona de conforto: hoje, trabalho no marketing e nunca lidei diretamente com o público, mas nos Jogos Olímpicos eu tive que me abrir para o novo. Mais do que isso, eu tive que fazer isso lidando com a barreira linguística, em especial porque muitos franceses não falam inglês com naturalidade e fluência. Era uma posição diferente, numa língua que eu não domino, num desconforto duplo. Os dois primeiros dias foram muito desafiadores, mas depois que eu entendi a missão, foi bem mais fácil. Além disso, teve um aspecto curioso da minha experiência: a gente fala muito sobre etarismo no mundo de trabalho e no mundo corporativo. No ciclismo, a maioria dos voluntários tinha mais de 55 anos, só uns 20% estavam abaixo dos 35 anos. Lidar com pessoas de outras faixas etárias e fora do mundo corporativo foi outro grande aprendizado, especialmente por ver outras maneiras de se trabalhar e de se compreender o mesmo trabalho. 

A pluralidade na resolução de problemas foi algo que percebi muito lá e agora quero aplicar na empresa. Não é apenas uma questão de empatia, uma palavra que todo mundo fala hoje, mas de entender que pessoas com diferentes backgrounds resolvem problemas de várias maneiras, sem ter certo ou errado.

Que experiências que você teve em Paris que você traz na mala para a empresa? 

Laís: Ainda é cedo para dizer, mas algo que mudou para mim foi a abrangência de entender como diferentes pessoas olham para uma mesma situação e a resolvem de maneiras diferentes. A pluralidade na resolução de problemas foi algo que percebi muito lá e agora quero aplicar na empresa. Não é apenas uma questão de empatia, uma palavra que todo mundo fala hoje, mas de entender que pessoas com diferentes backgrounds resolvem problemas de várias maneiras, sem ter certo ou errado. O que aprendi também é que essa junção de pessoas com vários ativos torna o dia a dia mais saudável e a resolução de problemas mais plural. 

Houve algum momento dos bastidores dos Jogos Olímpicos que te marcou em especial, Laís? 

Laís: Eu não tinha visibilidade do quanto é importante o trabalho dos voluntários nos Jogos Olímpicos. O voluntário é uma peça que movimenta todo o ecossistema – e a parte mais legal era quando chegava o final do dia. Meia hora antes do fim das competições, às 20h30, todos os voluntários se reuniam e faziam duas grandes filas pelas passagens por onde o público ia embora. Todos os espectadores passavam por ali, e a gente fazia ola, batia palma, para encantar as pessoas. E os espectadores, cada um em seu nível, mostravam o quanto estavam felizes de estar ali, aguardando pela fila de voluntários. Aquele pequeno momento representa para mim o que era ser voluntária, fazendo parte da memória desse público. Além disso, claro, foi muito legal poder ver os atletas de perto, as cerimônias de entrega de medalhas e vivenciar um pedaço da história sendo escrita por aquelas pessoas. 

E o que o RH da Allianz esperava ao trazer uma experiência dessas para os colaboradores? 

Márcia: Nosso objetivo sempre foi de engajamento e responsabilidade. O engajamento vem da ideia de que as pessoas não vão esquecer uma vivência como essas, tão na prática. E a responsabilidade de compreender nosso papel com as comunidades, com o entorno, com o mundo que nos cerca. 

Laís: Outra experiência que eu trago comigo foi ter a visibilidade da Allianz em outros países. Uma coisa é entender como a companhia funciona no seu dia a dia, outra é entender a robustez mundial dela: tive a oportunidade de encontrar outros funcionários da Allianz no dia a dia em Paris, e isso mudou muito minha percepção. Brinco que “tô 100% engajada”, não tem ninguém na empresa mais engajado que eu. E foi muito rico poder compartilhar essa experiência com as outras voluntárias do Brasil: além dos Jogos, pudemos assistir a competição da maratona aquática e tivemos juntas em vários eventos. 

E como essa ação reforça a cultura e o engajamento da Allianz? 

Márcia: Uma coisa é entender que a Allianz é uma das empresas mais valiosas do mundo, ou que ela é a seguradora mais valiosa do mundo. Outra é chegar num lugar e entender a magnitude da empresa. Às vezes, a gente se acha pequeno de estar aqui no Brasil e ser “só mais um”, mas ações como essa mostram o engajamento global do grupo. É algo muito importante porque a gente não se sente isolado do tamanho que a empresa é, do tamanho que o grupo é, e se sente parte disso. Além disso, um dos nossos propósitos é “we secure the future” – “nós seguramos o futuro”, em uma tradução literal. Não é algo fácil, mas é um cuidado que nós temos, seja com as nossas pessoas ou com os nossos clientes – e nós seguramos todas as pessoas, sejam espectadores, atletas ou equipe, dos Jogos Olímpicos. É uma grande responsabilidade.

Bruno Capelas é jornalista. Foi repórter e editor de tecnologia do Estadão e líder de comunicação da firma de venture capital Canary. Também escreveu o livro 'Raios e Trovões – A História do Fenômeno Castelo Rá-Tim-Bum'.