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Por que estão falando tanto de… task masking

Popularizada nas redes sociais, o task masking nada mais é do que uma expressão para a prática “fingir que está ocupado” no trabalho; Esse comportamento, comum, sobretudo, entre as gerações mais novas, pode acender um alerta de desengajamento e insatisfação dos colaboradores

Bruno Capelas
22 de maio de 2025
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O que você precisa saber

De tempos em tempos, uma expressão em inglês sobre o mundo do trabalho ganha espaço nas redes sociais. Muitas delas – caso do “quiet quitting”, do “rage applying” ou do “quit-tok”, estão relacionadas a uma visão pós-pandêmica do universo do trabalho. A bola da vez não é diferente: o “task masking”. 

Popularizada no TikTok, com dicas de como seguir, o task masking talvez seja nada mais do que um novo nome para a clássica “enrolada”: ele consiste em práticas feitas pelo trabalhador para “fingir que está ocupado” (daí o nome, “mascaramento de tarefas”, em tradução literal). 

Entre as práticas mais populares recomendadas nas redes, estão: 

  • mover o mouse constantemente; 
  • deixar a tela aberta em planilhas; 
  • fazer uma ligação para um amigo utilizando gestos comuns de trabalho; 
  • andar rápido pelo escritório; 
  • e até mesmo caminhar pela empresa folheando uma resma de papéis. 

Mais popular entre os jovens e os membros da geração Z, a prática funciona como uma espécie de protesto silencioso – seja contra a retomada do trabalho presencial ou até mesmo uma forma de demonstrar que o trabalho não é a única prioridade existente. No entanto, com seu lado teatral, o task masking também busca passar a sensação de produtividade para a liderança. 

Em alguns vídeos, a prática tem sido usada como recomendação para forçar as empresas a voltarem para o home office ou buscar uma maior flexibilização na carga horária e na jornada de trabalho. Mas, poucos são os conteúdos, porém, em que há uma lembrança de que o tiro pode sair pela culatra. 

O que isso significa para o RH

O primeiro fato que deve chamar a atenção do RH é que, caso o task masking seja detectado, ele é um sinal claro de desengajamento dos colaboradores – seja com a cultura, com a gestão ou com a liderança mais próxima. 

Ao ser percebido, o task masking deve ser diagnosticado pela empresa a fim de entender os motivos que levaram o colaborador a tomar tal decisão. 

Medidas disciplinares podem ser aplicadas, mas compreender as causas pode indicar que há problemas mais graves dentro da companhia – e que entram dentro dos domínios do RH. O diagnóstico também é importante para compreender o tamanho da medida disciplinar que pode ser adotada. 

Em alguns casos, apontam especialistas, é possível até mesmo iniciar um processo de demissão por justa causa; todavia, esse caminho pode não fazer sentido caso a lista de demandas do colaborador seja excessiva ou ele demonstre de fato a produtividade esperada. 

Outro ponto importante é que, mesmo antes de ser detectado, o “task masking” já pode causar problemas como saúde mental: com medo de ser descoberto, o colaborador pode começar a sentir uma pressão ainda maior do que a levou a optar pelo “teatro corporativo”. Além disso, vale ainda o lembrete: apesar de estar identificado com a geração Z, tal fenômeno pode acontecer com colaboradores de variadas idades. 

Mais do que tudo, é importante que o RH adote uma postura de reconstrução das relações de confiança – e reforço da cultura da empresa. Além disso, dependendo do cenário, pode valer a pena rever temas como flexibilidade e demanda por produtividade. 

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Bruno Capelas é jornalista. Foi repórter e editor de tecnologia do Estadão e líder de comunicação da firma de venture capital Canary. Também escreveu o livro 'Raios e Trovões – A História do Fenômeno Castelo Rá-Tim-Bum'.

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