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Por que estão falando de… ‘será que todo mundo odeia o RH?’
Cenário de constantes mudanças no mundo do trabalho fez RH ganhar protagonismo nos últimos anos, mas posição de destaque também levou muita gente a torcer o nariz pra área; reportagem do New York Times debate posição que merece muito equilíbrio
A expressão do momento, aquela tendência que acabou de chegar ao mercado, uma notícia que tem chamado atenção, uma trend que viraliza nas redes ou até uma nova regulamentação. Se o tema está quente, é melhor não ficar para trás. Mas nem sempre conseguimos ir na esteira das novidades e entender tudo que tem acontecido no mundo do RH.
A roda gira, e às vezes bem rápido. Esta seção de Cajuína traz os assuntos mais frescos do universo de quem trabalha com gente. Na pauta dessa semana, vamos falar sobre um artigo recente do New York Times que fez muita gente pensar naquela questão clássica: “será que todo mundo odeia o RH?”
O que você precisa saber?
De tempos em tempos, algumas reportagens provocam grandes discussões no mundo dos negócios – e neste mês de agosto, foi o caso do RH. Publicada no início do mês, uma reportagem do The New York Times provocou grandes discussões nos EUA sobre o papel dos times de recursos humanos e sua situação nos dias de hoje.
Feita durante um evento do setor em Las Vegas, a reportagem mostrou como os profissionais do RH nos EUA “estão se sentindo miseráveis”, sem crédito dentro das empresas e muitas vezes atolados por tarefas diferentes – em áreas que vão da discussão de modelo de trabalho até os esforços de diversidade, passando por vieses das empresas ou por sistemas de tecnologia que deveriam modernizar as companhias, mas só aumentam a burocracia.
Na reportagem, muitos profissionais se queixaram ainda de que seu trabalho parece invisível pras pessoas, ou de que muitos colaboradores os veem como “soldados das companhias”, sem perceber seus esforços pró-trabalhador. Há casos mais estressantes: em um relato chocante, uma executiva contou sobre quando teve de administrar uma situação em que um colaborador levou uma arma para o escritório.
A discussão sobre a matéria começou na própria caixa de comentários do The New York Times, com muita gente criticando os profissionais de RH e seus esforços. Em muitos casos, os comentários iam na linha de que “qualquer um pode fazer esse trabalho” e reclamando dos constantes puxões de orelha que os profissionais de Pessoas costumam dar no resto das equipes.
Estudioso do RH, Josh Bersin escreveu uma acalorada resposta dizendo que ele não vê o RH se sentindo miserável, mas sim “motivado e inspirado”. No LinkedIn, diversos profissionais o contradisseram, dando conta dos desafios que a área passou nos últimos anos.
Se essa discussão não passou pela sua timeline, calma: embora essa pauta pareça distante para muita gente do RH no Brasil, seus sintomas e razões não o são. E mais do que apenas ler o artigo ou as respostas a ele, vale a pena refletir sobre a posição difícil do RH ao longo dos anos.
O que isso significa para o RH?
Ao contrário do que muita gente imagina, trabalhar no RH nunca foi algo simples, até pela natureza da função: ela é responsável, em muitos momentos, por fazer a interligação entre os anseios da liderança e o dia a dia dos colaboradores. É natural que, nesse pêndulo, muita gente veja que o RH penda para um lado ou para o outro, mas todo ponto de vista é, antes de tudo, a vista de um ponto.
É claro que, com o tempo, essa natureza se tornou ainda mais complexa – considerando também a evolução do papel do RH, como a integração ao negócio no modelo de business partners. De 2020 para cá, porém, o RH esteve cada vez mais no foco das empresas.
Seja na transição para o remoto ou num eventual retorno ao presencial, na discussão de políticas de diversidade e inclusão ou em qualquer outro tipo de dúvida, o RH se tornou uma peça-chave nas companhias desde a pandemia, o que coloca seus profissionais cada vez mais sobre a mira dos holofotes. Por outro lado, como diz Josh Bersin, essa importância grande no negócio é algo que todo profissional da área deveria valorizar.
Em alguns casos, é importante que o profissional de RH se lembre que ele não é o responsável pelas notícias ruins – como uma mudança que desagrada aos colaboradores –, mas sim o portador dessas novidades, que muitas vezes foram decididas pela liderança. É relevante ter isso em mente justamente para conseguir manter o equilíbrio nesse cabo-de-guerra sofisticado.
Outro ponto importante é entender que o RH não é uma tarefa que cabe para qualquer pessoa: assim como vendas, marketing, tecnologia ou produto, o RH também é uma atividade que demanda habilidades específicas, tem técnicas próprias e uma história. É uma área que merece ser respeitada e desenvolvida – o que nem sempre acontece em muitas empresas.
Discussões como a que surgiu após o artigo do New York Times servem não como uma promessa apocalíptica, mas sim como uma oportunidade de reflexão sobre a postura do RH e como cada profissional deseja trabalhar. É uma ferramenta importante não só para ajudar as organizações a obterem o melhor de seus recursos humanos, mas também como o RH é um agente na construção de cultura e de bons resultados. Faz sentido?
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