Uma lista completa de referências para inspirar lideranças e profissionais de RH, feitas por quem mais entende do assunto
Nos últimos anos, ficou evidente que a área de Pessoas passou a ocupar um papel estratégico, motivada por um ambiente de trabalho em transformação, pela expectativa de experiências mais humanas e pela chegada de tecnologias que redefinem o que é possível fazer dentro das organizações.Esse novo cenário permeou os debates do evento de lançamento do Goles de Inspiração para o RH 2026, realizado pela Cajuína, na última terça-feira (2).
O encontro reuniu C-Levels e lideranças de RH para apresentar os resultados de pesquisas inéditas sobre Personalização no RH e impacto da Inteligência Artificial – desenvolvida em parceria com a Fundação Dom Cabral –, além de discutir grandes temas que impactam diretamente o presente e futuro da área.
“O Goles é nosso report de tendências. O foco do material é trazer dados, insights, mas principalmente entrevistas com grandes lideranças, pois acreditamos muito que líderes se inspiram em outros líderes”, comentou Luiza Terpins, editora-chefe de Cajuína. Em comum, todos os debates apontaram para a mesma direção: o RH precisa se reinventar continuamente, guiado por tecnologia, sensibilidade e visão estratégica.
O primeiro bloco do evento, apresentado por Jonatan Rodrigues, especialista de marketing da Caju, e Lucas Fernandes, CHRO da Caju, trouxe os principais resultados da pesquisa inédita realizada por Cajuína sobre personalização no RH. O levantamento dos dados, feito entre setembro e outubro de 2025, revela um estágio ainda emergente no assunto: 47,3% das empresas já personalizam ou testam pilotos, enquanto 52,7% ainda não iniciaram essa transição. Mesmo assim, os impactos já são evidentes.
Os resultados também apontam que a primeira etapa dessa mudança são os benefícios corporativos, que aparecem como porta de entrada para experiências mais flexíveis e individualizadas no cotidiano. A partir daí, o movimento se expande para Recrutamento e Seleção (56,7%), Treinamento (54,6%) e Onboarding (53,6%).

A tecnologia aparece como uma aliada decisiva. Para 77,3% dos profissionais, soluções digitais permitem personalizar jornadas sem abrir mão de equidade – justamente um dos desafios centrais, já que metade dos respondentes ainda tem dificuldade em equilibrar diferenciação e justiça interna. “A complexidade está na gestão e nos processos. A resposta é o uso de tecnologia, de ferramentas e em capacitar os profissionais de RH, que lidam com esses desafios no dia a dia”, afirmou o CHRO da Caju.
O dado mais simbólico, porém, está no futuro: metade dos profissionais acredita que a personalização será um diferencial estratégico, impulsionada por competências em IA, análise de dados e gestão tecnológica. Como reforçou o executivo da Caju, a personalização não é oposição à eficiência – é o caminho para resultados mais eficazes, sustentados por uma cultura que entende pessoas como indivíduos e organizações como coletivos. “Ninguém quer processos complexos. O ponto da personalização é: o colaborador quer uma jornada simples e desenhada pra ele, que gere um valor estratégico individualmente”, complementa Fernandes.
O desafio é tornar o cuidado uma prática organizacional.
O segundo momento do evento foi composto por um painel que reuniu os executivos Deborah Gouveia Abi-Saber, VP de RH do QuintoAndar e Rafael Arroyo, Head de People da Amazon. Intermediado pelo jornalista Bruno Capelas, a conversa fez uma leitura direta sobre a realidade do RH 2025, alémde mapear as prioridades que devem orientar a área em 2026.

O balanço do ano revelou um RH mais estratégico e pressionado a encontrar um equilíbrio entre tecnologia e humanidade, tema recorrente nas reflexões dos convidados. “Tínhamos a expectativa de resolver problemas estruturais com Inteligência Artificial, mágicamente. O que 2025 trouxe é que precisamos amadurecer essas ideias”, ponderou a VP do QuintoAndar.
As tensões clássicas da área – produtividade vs. bem-estar, automação vs. retenção de talentos, eficiência vs. humanização – aparecem como desafios centrais para o próximo ano, junto com a expectativa de que o RH atue como mediador dessas forças, e que a IA seja uma aliada estratégica.
A conversa terminou com uma leitura sobre o que o RH mais precisa no próximo ano: métricas mais precisas de impacto humano, políticas robustas de saúde mental ( especialmente diante da NR-1) e mais espaço para reflexão estratégica em um cenário que continua acelerado. “O papel do RH é direcionar o time para ser estratégico e eficiente, considerando os aspectos humanos. Principalmente depois da pandemia a gente fala muito de saúde mental. Mas o que as pessoas estão realmente buscando? 2026 é o momento de pensarmos os sentidos”, destacou Arroyo
Para Débora, o principal conselho aos RHs é buscar por boas referências. Rafael apostou no equilíbrio. “O que vai valer para o futuro é a experiência humana. É o que vai fazer a diferença. O que a gente está oferecendo de experiência para quem está trabalhando conosco?”, ressaltou o executivo da Amazon.
O momento final do evento foi conduzido por Luiza Terpins, editora-chefe de Cajuína, e Paulo Almeida, professor titular da Fundação Dom Cabral e Diretor do Núcleo de Liderança da instituição. Juntos eles apresentaram a pesquisa Impactos da IA no RH, feita pela Cajuína em parceria com a instituição.

De acordo com os dados, 68% das empresas usam ou testam soluções de IA. Entre empresas com mais de mil colaboradores, o dado salta: mais de 82% usam IA no trabalho.
A IA é uma revolução silenciosa. Estamos em um ponto de virada.
O entusiasmo, porém, convive com desafios: 41,4% dos entrevistados relatam impactos legais ou regulatórios no uso de IA e 55,3% manifestam preocupação com vieses algorítmicos. A combinação entre avanço tecnológico e maturidade ética ainda está em construção.
A pesquisa aponta que a IA tem elevado a eficiência em áreas como Recrutamento e Seleção, Análise de Dados e Comunicação Interna. Aplicações mais profundas, voltadas à cultura e formação de lideranças, porém, ainda estão em fase inicial.
O horizonte projeta complementaridade: a tecnologia expande o alcance do RH, enquanto o fator humano garante ética, julgamento e coerência. Para o pesquisador da FDC, o futuro do uso de RH está diretamente ligado ao desenvolvimento de habilidades, inclusive dos profissionais da área. “O uso massificado de IA não significa que as pessoas estão preparadas para lidar com as ferramentas. Isso reforça a necessidade do preparo e desenvolvimento dos RHs”, complementou Almeida.

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