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Por que estão falando tanto… das conversas em grupo no ChatGPT

Recurso em teste promete mudar a forma como times colaboram em chats, colocando a IA como um “participante” da conversa — e levantando questões práticas para o trabalho e para o RH

Bruno Capelas
27 de novembro de 2025
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O que você precisa saber

Com cerca de 800 milhões de usuários ativos em todo o mundo, o ChatGPT é o assistente de IA mais popular da atualidade. E se suas conversas já são parte da rotina de muita gente, o app tem tudo para se tornar ainda mais presente na vida das pessoas nos próximos meses. 

Isso porque, nos últimos dias, a Open AI, responsável pela plataforma, começou a testar uma nova funcionalidade: permitir que as pessoas tenham conversas em grupo com a participação do ChatGPT. No papo, o assistente funcionaria como mais um membro da conversa, capaz de responder dúvidas, organizar informações, resumir decisões, criar listas e até facilitar atividades.

Por enquanto, a funcionalidade está disponível para testes limitados e permite que a IA entre na conversa quando mencionada ou quando o grupo pedir sua contribuição – da mesma forma que já acontece, por exemplo, no WhatsApp com a Meta AI, assistente digital da empresa de Mark Zuckerberg. 

A ferramenta, segundo a OpenAI, não usa essas interações para criar memórias permanentes, o que reduz preocupações imediatas com privacidade. Ainda assim, o modelo combina duas tendências fortes: IA mais contextual e colaboração entre diferentes pessoas – agora, dentro de um único fluxo de chat.

A promessa é simples: em vez de cada pessoa consultar a IA individualmente e depois levar o resultado para o grupo, todo mundo consulta junto, no mesmo lugar, em um resultado colaborativo. 

O que isso significa para o RH

Por enquanto, ainda é cedo para dizer como a funcionalidade vai chegar de fato ao ambiente corporativo. Mas, para o RH, o recurso abre três linhas de impacto imediato.

1. Colaboração mais rápida (e mais transparente)

Em times que já usam canais como Slack, Teams ou WhatsApp para decidir tarefas, a presença da IA pode reduzir ruídos: o ChatGPT será capaz de organizar fios de conversa, registrar próximos passos e ajudar a documentar decisões. Isso tende a reduzir retrabalho – especialmente em áreas de People Analytics, treinamento, DHO e projetos transversais.

2. Novas regras de convivência digital

A entrada de um agente não-humano no grupo exige protocolos claros: quando a IA deve falar? Quem é responsável por validar suas sugestões? Como evitar que a presença do ChatGPT iniba conversas sensíveis, uma vez que ele poderá armazenar dados no futuro? Essas são discussões típicas de governança de IA, tema que já está no radar de muitos RHs – e que deveria estar no seu também. 

3. Treinamento e cultura

O uso da ferramenta pode acelerar rituais de onboarding, brainstorming, design de políticas e revisão de documentos. Por outro lado, exige que as equipes aprendam a fazer boas perguntas e a checar respostas – habilidades cada vez mais essenciais na jornada de IA do RH.

4. Redução do uso do WhatsApp

Por fim, mas não menos importante, a funcionalidade de conversas em grupo pode ajudar muitas empresas a reduzir o uso do WhatsApp – app que é muito popular para conversas corporativas, especialmente “fora do horário de trabalho”. 

Mais do que tudo, a nova funcionalidade do ChatGPT aponta para um cenário diferente do que se imaginou na colaboração entre humanos e máquinas. Se por enquanto a relação era individual, entre um humano e uma máquina, agora ela poderá ser coletiva. Diz o ditado que duas cabeças pensam melhor do que uma. Cabe ao RH garantir que isso aconteça com ética, segurança e clareza. 

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Bruno Capelas é jornalista. Foi repórter e editor de tecnologia do Estadão e líder de comunicação da firma de venture capital Canary. Também escreveu o livro 'Raios e Trovões – A História do Fenômeno Castelo Rá-Tim-Bum'.