Implementação de solução capaz de realizar consultas a distância e mais de 15 exames ajudou empresa em centro de distribuição em São José dos Campos; para médico, formato traz praticidade e impacta diretamente questões como faltas e sinistralidade
Nos últimos anos, o Brasil tem assistido a um crescimento preocupante nos afastamentos do trabalho por questões de saúde mental. Os dados do INSS e do Ministério da Previdência Social mostram que, somente no primeiro semestre de 2025, 267.690 afastamentos foram concedidos aos trabalhadores. Todos precisaram recorrer ao Auxílio Doença Previdenciário por motivos ligados a transtornos mentais e comportamentais.
Os números reforçam uma tendência já apontada em 2024, quando o país bateu recordes históricos nesse tipo de benefício. Como revelaram reportagens do G1, foram 472.328 licenças concedidas, número que representa um crescimento de 68% comparado com o ano anterior. Esse é o recorde desde o começo das medições, em 2014, como mostra o gráfico:

Quando os dados são tão alarmantes, a pauta deixa de ser apenas estatística. Ela se conecta diretamente ao bem-estar dos trabalhadores, à produtividade das empresas e ao papel estratégico da área de Recursos Humanos.
Na Caju, acreditamos que os dados devem ser ponto de partida para a ação. Por isso, a Cajuína, frente de inteligência e conteúdo da Caju, inaugura com este artigo uma nova série de conteúdos que analisa dados públicos, conta histórias e gera insights para qualquer profissional de RH, áreas de gente e gestão e lideranças.
Acompanhar essa série significa ter acesso a uma leitura mais profunda sobre como os números do Brasil dialogam com a realidade das empresas. Neste primeiro artigo, vamos falar sobre:
Entre janeiro e junho de 2025, os dados abertos divulgados no portal de Dados Abertos do Governo Federal registraram 267.690 afastamentos de profissionais do trabalho por transtornos mentais (códigos F00 a F99 da Classificação Internacional de Doenças, a CID-10).
Esse total do primeiro semestre representa 56,7% do total de afastamentos registrados em 2024. Ou seja, podemos dizer que já é 6,7% acima da metade dos afastamentos de 2024, o que significa +31.526 casos.
Esse volume também representa uma das maiores parcelas dentro do conjunto de dados dos últimos 12 anos. O número de um único semestre já supera o que foi registrado ao longo de anos inteiros entre 2014 e 2022.
Vale lembrar: cada diagnóstico de afastamento é classificado pelo CID, elaborado pela OMS para padronizar a identificação de enfermidades no mundo todo. Os transtornos mentais estão listados no Capítulo V (F00–F99), que inclui desde quadros depressivos e ansiosos até transtornos do desenvolvimento psicológico (a lista completa pode ser consultada neste link do DATASUS).
Os números gerais já confirmam que a saúde mental segue como um dos principais fatores de afastamento laboral no país em 2025. Mas quais são as doenças específicas relacionadas à saúde mental que mais impactam os profissionais?
Na lista de doenças que mais concederam auxílio doença por conta de transtornos mentais e comportamentais em 2025, o ranking das 10 principais segue o mesmo de 2024. São mais de 70 transtornos diferentes relacionados à saúde mental que geraram afastamento do trabalho, mas as 10 principais somadas representam 249.416 casos, o que representa 93,2% do total.
A análise por categorias do CID mostra os seguintes destaques no 1º semestre de 2025:
Todas as 10 principais doenças já alcançaram mais de 50% do número registrado ao longo de todo o ano de 2024, reforçando essa tendência de crescimento em 2025. Aquelas com maior percentual são Esquizofrenia (F20), que já registrou 62,1% do total de casos de 2024, Transtornos específicos da personalidade (F60), que registrou 60,7%, e Transtorno afetivo bipolar (F31) com 58,6%.
As comparações com os dados de 2024 deixam claro que a curva de afastamentos não está desacelerando. Pelo contrário: os volumes seguem elevados e a lista das principais doenças pouco se altera.
Se continuar com esse padrão de volume de afastamentos no 2º semestre (crescimento de 6,7% por semestre), a tendência é fechar o ano de 2025 com crescimento de 13,4% vs 2024, o que representa um aumento de +63 mil casos de afastamentos por saúde mental.
Confirmando esse resultado, vamos alcançar a marca de 535 mil afastamentos por saúde mental no final do ano, superando a marca do meio milhão pela 1ª vez na série histórica. Isso mostra que não se trata de um fenômeno pontual, mas de uma realidade persistente no mercado de trabalho brasileiro.
Vale destacar também que, nesse primeiro semestre de 2025, os afastamentos por saúde mental representam 13,9% do total de auxílios doença entregues pelo governo brasileiro. Em 2024 esse percentual de representatividade foi de 13,5%.
A crise de saúde mental no trabalho não é um tema exclusivo do Setembro Amarelo. Ela impacta diretamente a produtividade, os custos com absenteísmo e rotatividade, e a sustentabilidade das empresas a longo prazo.
Essa urgência existe porque cada número representa uma pessoa afastada, uma equipe impactada e um custo que poderia ser mitigado com políticas consistentes de bem-estar, prevenção e apoio psicológico.
Para os líderes de RH e áreas de Gente e Gestão, olhar para esses dados significa:
Se a curva de crescimento não desacelerar, teremos em 2025 mais um recorde histórico. A questão é: o que vamos fazer a respeito?
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