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Por que estão falando tanto sobre… como as pessoas usam o ChatGPT

Levantamento com 1,5 milhão de interações indica que o ChatGPT já virou “assistente de vida”, mas ainda precisa ganhar espaço como aliado estratégico no ambiente profissional

Bruno Capelas
2 de outubro de 2025
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O que você precisa saber

Em 2025, é praticamente impossível trabalhar em RH e não ter discutido o impacto da inteligência artificial no mundo do trabalho. Pensar como a IA vai afetar as tarefas do dia a dia no presente e no futuro é uma das grandes missões de quem trabalha com gente atualmente. Agora, um novo estudo joga luz sobre o que de fato significa utilizar a tecnologia. 

Conduzido pelo National Bureau of Economic Research (NBER), um centro de pesquisas do Reino Unido, o levantamento avaliou mais de 1,5 milhão de conversas feitas entre maio de 2024 e julho de 2025 por pessoas com o ChatGPT – o assistente de IA mais popular do momento, criado pela empresa Open AI. 

Publicado recentemente, o estudo revelou que a relação dos usuários com a IA é bem diferente do que muitos imaginam: o uso é majoritariamente pessoal, e não profissional.Os pesquisadores identificaram três grandes blocos de interação que, juntos, representam quase 80% das conversas:

  • Guias práticos: usuários pedem ajuda para resolver tarefas do dia a dia, desde dicas de viagem até receitas ou conselhos sobre organização pessoal;
  • Buscas por informação: perguntas de curiosidade geral, checagem de fatos e explicações de conceitos;
  • Apoio na escrita: revisão de textos, sugestões de estilo, elaboração de e-mails e mensagens pessoais.

O dado que mais chamou atenção foi a diferença entre usos pessoais e profissionais. Em 2024, cerca de 53% das interações eram voltadas a assuntos não relacionados ao trabalho. Um ano depois, essa fatia havia saltado para 73%, mostrando que o ChatGPT tem sido visto muito mais como um “assistente de vida” do que como uma ferramenta de produtividade corporativa.

Outro recorte importante aparece na demografia: entre os usuários que informaram idade, quase metade das conversas (46%) veio de jovens entre 18 e 25 anos. É um indicativo de que as novas gerações estão moldando o uso da IA de forma intensa, mas ainda não necessariamente conectada ao ambiente de trabalho.

O que isso significa para o RH

Apesar de o uso pessoal dominar, o estudo mostra que o maior valor econômico do ChatGPT surge quando ele é usado como apoio à tomada de decisão. Ou seja, não apenas para produzir ou revisar textos, mas para ajudar a pensar melhor: organizar raciocínios, comparar alternativas e filtrar informações. Em áreas intensivas em conhecimento, esse papel pode se tornar diferencial competitivo.

Para o mundo corporativo e de gestão de pessoas, a pesquisa traz pelo menos três lições:

  • O uso não é automático: mesmo entre jovens que cresceram com a tecnologia, o uso produtivo da IA no trabalho não é óbvio. É preciso criar cultura e mostrar casos concretos de como a ferramenta pode aumentar a eficiência.
  • Adoção depende de contexto: a forma como colaboradores integram o ChatGPT ao trabalho varia muito entre setores e funções. RHs e líderes precisam desenhar diretrizes claras e oferecer treinamento.
  • Equilíbrio entre pessoal e profissional: o fato de a ferramenta ser usada também em demandas pessoais pode ser positivo, porque aumenta a familiaridade. Mas as empresas devem refletir sobre limites, ética e boas práticas de uso dentro do expediente.

O estudo do NBER e da OpenAI sugere que ainda estamos nos estágios iniciais da incorporação da IA ao trabalho. Para muitos, o ChatGPT é hoje um “companheiro de tarefas pessoais”. Mas, para empresas, há um espaço claro para que ele se consolide como aliado estratégico, especialmente se for visto menos como atalho para ganhar tempo e mais como ferramenta para melhorar decisões. 

Em outras palavras: o impacto da IA generativa no trabalho pode ser tão transformador quanto o das planilhas eletrônicas ou dos navegadores de internet. A diferença é que, desta vez, os usuários começaram explorando primeiro o lado pessoal. Cabe às organizações – e claro, ao RH – transformar esse hábito em valor profissional.

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Bruno Capelas é jornalista. Foi repórter e editor de tecnologia do Estadão e líder de comunicação da firma de venture capital Canary. Também escreveu o livro 'Raios e Trovões – A História do Fenômeno Castelo Rá-Tim-Bum'.

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