Implementação de solução capaz de realizar consultas a distância e mais de 15 exames ajudou empresa em centro de distribuição em São José dos Campos; para médico, formato traz praticidade e impacta diretamente questões como faltas e sinistralidade
A discussão sobre como a inteligência artificial (IA) impacta a força de trabalho muitas vezes gira em torno de automação, substituição de tarefas repetitivas e ganho de eficiência. Mas existe um efeito estrutural, mais silencioso e profundo, que já começa a se manifestar: o achatamento da base da pirâmide organizacional.
Combinando dados do relatório “State of Compensation in Tech” (Comp + Distrito, 2025) com evidências de estudos globais, este artigo mostra como a IA e a pressão por produtividade estão fazendo empresas priorizarem contratações sêniores, reduzirem cargos de entrada e redesenharem a estrutura de carreira. É um movimento silencioso, mas que muda tudo no RH, na remuneração e na cultura organizacional.
O estudo State of Compensation in Tech mostra que, entre as empresas tech analisadas:
A pirâmide não apenas inverteu em algumas empresas, ela se transformou em um losango, com pouca base, pouco topo e um centro altamente qualificado.
Os níveis de entrada (Júnior e Pleno) estão se tornando menos representativas. Não apenas pelo aumento do número de especialistas, mas também pela redução ativa de cargos de execução repetitiva, que podem ser operados hoje por automação ou IA.
A IA não afeta todos os cargos igualmente. Modelos generativos e preditivos estão eliminando ou redesenhando muitas das tarefas de complexidade média: aquelas que antes ocupavam cargos “pleno” ou de entrada. Já as atividades que exigem autonomia, julgamento e conexão de ótica estratégica têm ganhado valor, o que impulsiona a busca por perfis mais experientes.
Com IA, as empresas conseguem:
Além da IA, outro fator chave explica o achatamento da base: o custo de oportunidade.
Empresas mais maduras perceberam que ter profissionais seniores, embora mais caros individualmente, gera ganho de produtividade, velocidade e qualidade técnica. Isso se reflete em menores custos com retrabalho, menor necessidade de supervisão, ciclos de entrega mais curtos e menor rotação.
É o que mostram benchmarks recentes. Veja a tabela a seguir:
O achatamento da pirâmide não é apenas uma percepção de mercado. Ele é sustentado por estudos internacionais de referência:
Essa nova realidade impõe desafios imediatos ao RH, não apenas táticos, mas estruturais. Organizações precisam se adaptar rapidamente a um cenário onde a base da pirâmide encolhe, a senioridade técnica se torna central, e os ciclos de aprendizado se aceleram:
A tendência não é passageira. O achatamento da pirâmide, impulsionado pela IA e pela crescente valorização de especialistas seniores, já está alterando a lógica de estruturação das empresas. RHs e áreas de remuneração que souberem antecipar essa virada terão vantagem competitiva real, porque terão os talentos certos para enfrentar desafios cada vez mais complexos.
Mais do que acompanhar o mercado, o papel do RH agora é liderar a transformação:
Se sua estrutura de cargos ainda depende de uma base larga de profissionais júniores para funcionar, é hora de repensar a estratégia. A nova pirâmide organizacional já está em formação, com menos base, mais especialistas e uma concentração crescente de responsabilidade técnica no topo.
Essa transformação não é passageira, nem opcional. Ela está sendo moldada por forças estruturais como a IA, a automação e a busca por alta performance com times mais enxutos. O impacto é profundo: muda o jeito de contratar, promover, recompensar e desenvolver pessoas.
O futuro do trabalho já chegou, ele é mais técnico, mais sênior e mais seletivo. As empresas que não se adaptarem rapidamente correm o risco de perder competitividade, relevância e talento.
Mas há uma tensão que não podemos ignorar.
Ao priorizar apenas perfis prontos, as empresas estão minando seu próprio futuro.
A pressão por produtividade hoje pode causar um apagão de talentos amanhã.
Afinal, quem vai formar os próximos seniores?

*Filipe Ducas. Formado em Administração, com Especialização em Recursos Humanos e MBA Internacional em Liderança e Gestão, Ducas é uma das referências brasileiras no setor de Remuneração e Benefícios, com uma carreira global e robusta. Co-fundador e Executivo Sênior de Remuneração da Comp, possui mais de 20 anos de experiência em posições de liderança em Remuneração, Operações de RH e People Analytics em gigantes como IBM, Atento, Cognizant, XP Inc. e Grupo OLX. Sua expertise é desenhar políticas e liderar projetos transformadores, com foco em utilizar tecnologia para potencializar o capital humano. Pela Comp, já foi responsável por ajudar mais de 100 empresas a construírem estratégias de remuneração que conectam a estratégia de talentos com o negócio.
As mais lidas
Sorry, no posts matched your criteria.